Foto: Acervo CBF
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Bom ter 19 anos.
Alguém duvida?
Como posso lhes explicar?
A grana é curta, quase nenhuma.
(Não que hoje seja lá muito diferente.)
Mas, as alegrias são tamanhas, e tão sinceras.
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Um exemplo:
Eu acreditava piamente que era possível entender o risque e rabisque do futebol – e da vida.
Tanto que, à época, tinha minha própria escalação para nossa seleção titular.
Bem aos moldes do que João Saldanha fizera para vencer as eliminatórias e encaminhar a conquista do tri, o Degas aqui era peremptório ao escalar as onze feras:
O goleiro seria o Ado, jovem revelação que defendia o gol do Corinthians.
Carlos Alberto, indiscutível na lateral direita.
Djalma Dias, então no Santos de Pelé, o zagueiro central que formaria ao lado de outro santista, o elegante Joel, na quarta-zaga.
(Djalma Dias nem sequer foi convocado.)
Marco Antônio, o lateral esquerdo.
Wilson Piazza e Gérson cuidavam do meio de campo. Mas, Clodoaldo, poderia ser uma opção no lugar do cruzeirense Piazza.
No ataque, eu faria apenas uma substituição. Entraria o driblador Edu no lugar de Rivelino. Com Jairzinho pela direita, Tostão e Pelé no comando do ataque.
Também incluiria Ademir da Guia entre os 22 que foram ao México.
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Zagallo não gostava do Ademir da Guia. Tanto que não o chamou para a Copa de 70 e fez o que fez com o Divino na Copa de 74.
Eu, no auge dos meus quase 20 anos, tal e qual os teletubbies da República de Curitiba, não gostava do Zagallo “por convicção”.
Eu e boa parte da torcida em São Paulo, diga-se.
Nós o achávamos carioca demais.
E o então Jovem Lobo dava motivos.
Tinha preferência – nada velada – pelos jogadores do Botafogo. Rogério, Jairzinho, Roberto Miranda, Paulo Cézar Caju, todos na seleção.
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Houve um amistoso antes da Copa, aqui no Morumbi, lotadaço, e Zagallo deixou Pelé na reserva com a camisa 13. Tostão foi o 10 e o Roberto Miranda, o centro-avante.
Houve rumores que Zagallo estava em dúvida e dera a entender que Pelé já não era o mesmo. Tinha trinta anos já.
Sei não…
Sei que Pelé entrou no segundo tempo – e o Brasil empatou com a Bulgária por zero a zero.
Não venceu – e, pior, não convenceu.
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Os onze da Copa, com Rivelino como ponta-esquerda recuado ao estilo de Zagallo em 58 e 62, surgiu no último amistoso antes do Brasil embarcar para o México. Um a zero contra a Suíça, no Maracanã.
(Confirmem aí no Google que não sou o PVC e não tenho lá grande certeza!)
A crônica esportiva gostou do que viu e passou a chamá-lo de o “Time do Povo”.
Mesmo assim, as desconfianças continuavam, eram muitas.
Até que veio a estreia contra a Tchecoslováquia – e aquele primeiro gol dos gringos que aflorou, dentro de mim e de muitos, todos os fantasmas da insidiosa Copa de 66, onde fomos implacavelmente derrotados.
Doeu mais do que pisada de elefante.
Verdade verdadeira!
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A partir daí, passamos a torcer desesperadamente para que não se repetisse aquela derrocada.
Então, veio o gol do Rivelino e apareceu Pelé em toda sua plenitude.
Pelé, primeiro e único!
Nunca houve nada igual.
(Não teimem com este velho escrevinhador.)
O resto é história, amigos.
Só quem viveu pode contar…
Como eu lhes disse, na crônica de ontem, eu tinha 19 anos – e trazia em mim, como disse o poeta, todos os sonhos do mundo…
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O que você acha?