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A cobra e o periquito

Vamos falar dos "inimigos"…

Há que se reconhecer: os "caras" têm cada história!

A primeira.

O técnico Nelsinho Batista resolveu levantar o moral do onze corinthiano. Então, promoveu um treino diferente nesta semana. De um lado, o goleiro Felipe. Do outro, os demais titulares. Estes deveriam tocar a bola, de pé em pé, até chegar à frente do gol e bater com decisão.

Ou seja, o Coringão enfrentou um time fantasma.

A idéia do treineiro era trabalhar as finalizações – e também, em conseqüência, levantar a auto-estima da garotada que não anda lá essas coisas.

Ao que consta, mais uma vez, o destaque ficou por conta do goleirão.

Por mais que Nelsinho os incentivasse, corresse lado a lado com os boleiros, gritasse, orientasse, o índice de aproveitamento foi baixíssimo.

O que fazer?

Depois do apronto, a Imprensa foi ouvir o técnico. Ele justificou a preparação.

— Em um campeonato nivelado como o Brasileiro, precisamos aproveitar todas as oportunidades que surgirem. Saber a hora certa de chutar. Nada de precipitações.

E terminou lembrando um ditado muito conhecido.

— É preciso matar a cobra e mostrar o pau.

Assim como os pupilos, Nelsinho estava indo bem no toca daqui, toca dali. Mas, na hora de finalizar, mandou a bola longe, para além dos muros do Parque, no meio das pistas da Marginal.

Explico o porquê.

Certa vez, não sei a que pretexto, entrevistei um folclorista que me explicou o equívoco deste provérbio, que se consagrou popularmente. Disse-me o tal que quem mata a cobra e mostra o pau é porque não matou cobra nenhuma. Quem verdadeiramente matar uma cobra e quiser comprovar vai mesmo mostrar a dita-cuja mortinha, mortinha…

Concordam?

A segunda.

Aconteceu no Parque São Jorge nesta semana – e quem me contou foi o protagonista do fato, o amigo e repórter-fotográfico Robson Fernandjes.

Ele e o repórter Cosme Rímoli foram ao Corinthians na segunda-feira. Ao estacionarem o carro, viram o pai-de-santo Robério de Ogum que saía de uma reunião com a diretoria do Timão.

Robério é conhecido no meio da bola porque já fez despachos para um punhado de clube se dar bem. Seja na reta de chegada da conquista de algum título (como o Palmeiras de 93, que jogou de meias brancas a seu mando), seja em momentos de crise, como a que hora ronda o Corinthians, ameaçado de rebaixamento.

Robson já desceu do carro fotografando, mesmo a contragosto de Robério que não quis adiantar se vai ou não dar uma ajuda do além. As coisas, disse o pai-de-santo, estão muito carregadas pelo lado do Parque São Jorge. Ao fotógrafo e ao repórter, disse mais: naquele exato momento estava vendo um fuzuê de entidades e espíritos ruins ao redor deles.

Nenhum dos dois acreditou.

Até chegar ao jornal.

Verdade.

Quando o Robson foi checar as fotos que fez, viu que mais da metade delas não saiu. Ou melhor, saíram sob uma tarja preta.

Verificou a máquina – que tem o número de inscrição 666 – e percebeu que havia quebrado um dispositivo justo naquela hora. Falou, então, com o repórter e telefonou para o Robério que lhe informou, com a maior naturalidade, ter visto a hora em que um espírito destruiu parte do equipamento.

Inclusive orientou Robson a ficar em casa que a maré não estava para peixe.

Pura coincidência, pensou Robson.

Até que sua mulher telefonou para lhe contar da morte de um periquito australiano que tinha em sua casa e que ele tanto estimava.

— Minha mulher disse que o bichinho ficou duro e esturricado, de uma hora para outra.

Por vias da dúvida, mandou a máquina fotográfica para o conserto e pediu a Chefia da Redação um dia de folga.

Por volta das 18 horas da terça-feira, Robério ligou para Robson e deu ok.

— O caminho está limpo. Pode voltar à vida normal…

O Robson me garantiu que não ficou com medo. Pois, não acredita em bruxas.

— Mas, sei lá, que existem, existem…