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A euforia (ir)real do megaleilão

01. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra… A velha máxima da ponderação sempre escapa ao controle de significativa parcela dos noticiosos tupiniquins, desde que o assunto seja os feitos do governo FHC. A cobertura jornalística do megaleilão desta semana primou pela euforia ufanista, tal e qual os comentaristas esportivos fizeram na recente Copa do Mundo. Desta feita, porém, o mote entoou que o País finalmente teria uma telefonia de Primeiro Mundo, via multinacionais das telecomunicações. E o jargão mais repetido, indiscutivelmente, cantou loas a FHC pela magnânima vitória…

02. É voz corrente que nós, brasileiros, temos o incontrolável impulso de transformar alegrias e tristezas num grande samba enredo, desses que sacodem essa esburacada avenida chamada Brasil. Tem hora que é asfalto do bom, liso e macio. Em outras (muitas) oportunidades é um lamaçal brabo, de atolar trator…

03. O maior leilão da História enfeitiçou nossa Imprensa, que não conseguiu escapar do ôba-ôba. A notícia acabou se transformando num grande espetáculo, claro que sempre servindo aos interesses dos donos do Poder e de olho na pontuação do Ibope… Ano eleitoral e valendo reeleição, aí sim que o pote transbordou…

04. Sinceramente. Não sei se cabe tanta comemoração. Na verdade, os 17 milhões de brasileiros que estão na fila do telefone podem sorrir de esperança. Suas chances de dizer alô aumentaram consideravelmente. Mas, se os 22 bilhões de dólares arrecadados vão se transformar em benefícios sociais, ninguém confirma, nem garante… E, para quem como nós sabe do saco-sem-fundo das contas oficiais, vale ficar esperto. Afinal, há no País uma legião em torno de 30 milhões de miseráveis que, esparramados pelos grotões e periferias, almejam pelas mínimas condições de sobrevivência. Coisas óbvias como uma casa para morar, comer ao menos uma vez ao dia, acesso à Saúde, Educação e um trabalho digno.

05. Tais compromissos, vale sempre lembrar, fizeram parte da mão espalmada do homem quando quis ser o presidente do Real. Esses compromissos permanecem esquecidos ainda hoje. Digamos que foram adiados para o próximo mandato. Aliás, como sempre aconteceu na História recente do País. Primeiro, quem nos mantém no Poder (os amigos, a classe média, lobistas, banqueiros…); depois, se der, quem mesmo?