Idos de 82, dias antes de Franco Montoro ser eleito governador de São Paulo.
O País vive o febril período de redemocratização.
Pela primeira vez, depois de 16 anos, os eleitores vão às urnas para escolher um de seus representantes para o Poder Executivo – ainda em nível estadual, é bem verdade. Mas, indubitavelmente, conquista importante para quem sonha eleger, em breve e pelo voto direto, o Presidente da República.
Almino Alfonso é um dos candidatos ao Senado; Montoro concorre ao Palácio dos Bandeirantes. Ambos pelo MDB, legenda que abriga as diversas matizes da Oposição.
Montoro é nome de ilibada reputação – e um candidato respeitável, mas não é, como dizem pela aí, nenhuma Brastemp em termos de popularidade. Aliás, dentro da própria legenda há quem acredite que o candidato a vice, Orestes Quércia, seja melhor de voto doque ele.
Por essa e outras tantas, espera-se uma disputa renhida com os dois candidatos mais próximos ao Regime vigente (Reynaldo de Barros, do PDS, afilhado de Maluf e sobrinho de Adhemar de Barros, e ex-presidente Jânio Quadros, do PTB). Para confundir ainda mais, há a concorrência do candidato-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, do emergente PT.
Só que Montoro dispara nas pesquisas – e logo se torna favoritíssimo.
Sem perspectivas, resta aos situacionistas disparar desenfreados ataques e bombardeios para todos os lados. Uma vã tentativa de minar os números e a preferência do eleitorado.
Em visita ao bairro do Ipiranga dias antes do pleito, os repórteres perguntam ao senador o que acha daqueles ataques destemperados.
O que responderia a Maluf & Cia?
E ele não se fez de rogado:
“É o desespero da derrota que se avizinha…”
A frase tornou-se célebre na ocasião e, de lá pra cá, é comum lembrar-me dela por ocasião dos períodos eleitorais que se sucederam. Ainda agora, todas as manhãs, quando vejo as manchetes dos jornalões paulistanos que encaparam a candidatura que empacou, recordo a frase do grande Almino, que se mantém atualíssima:
“É o desespero da derrota que se avizinha…”
** FOTO NO BLOG: Jô Rabelo
