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A janela (3)

Eis que hoje se apresenta o amigo Poeta para, igualmente ao que o Escova ontem fez, esticar o nosso conversório, tendo a janela como temática.

Como não faço diferença entre um e outro, rabisco aqui as observações feitas pelo Poeta que, como poderão ver a seguir, é mais chegado às artes do que às lembranças.

Ele começa citando dois quadros que lhe são marcantes: “A Moça na Janela”, de Di Cavalcanti, e “Mulher à Janela”, de Salvador Dalí (foto). O primeiro, conheço a partir da consulta que faço ao Google, incitado pelo comentário do amigo. O segundo, por incrível que pareça, eu o vi no Museu Reina Sofia, em Madri e, mais incrível ainda, sem nada entender de arte, tive a cara dura de escrever sobre o mesmo.

Foi em 14 de agosto de 2008, e assim termina:

“Direi apenas que a moça, para mim, se faz tão enigmática quanto a Mona Lisa, do Louvre. Com a diferença que, de repente, estamos do lado de cá da janela, tão próximos e tão alheios; como ela, atemporal e cúmplices de um eterno esperar”.

Como viram, este blog também é cultura.

II.

Poeta quase mudou de assunto.

Recuperou o fôlego e seguiu com o relato.

Para ele, “Janela Indiscreta”, de Hitchcock é um de seus filmes preferidos. Mistério e suspense a partir do voyerismo do protagonista (James Stwart) que, por ter quebrado a perna, está confinado ao seu apartamento. Da sua janela começa a espiar – talqualmente um Bial das antigas – o dia a dia da vizinhança.

O filme é de 1954 – e o Poeta jura que nem era nascido nessa época.

Eu e o Escova duvidamos, mas preferimos não entrar no mérito da questão.

III.

No âmbito da música, o Poeta faz duas referências que acha bárbaras.

A primeira é a canção “Trem das Cores” que Caetano Veloso fez para Sônia Braga – e é lindíssima mesmo.

Descreve poeticamente a paisagem a partir da janela do trem que corta a Espanha.

Um trecho:

“As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar”.

IV.

A outra canção, de inevitável lembrança quando este é o assunto, é a que Chico Buarque fez em idos tempos:

“O tempo passou na janela
Só Carolina não viu”.

V.

Não sei bem o porquê, mas ao cantarolar esses versos, senti o amigo Poeta triste que só.

Quis, então, quebrar o climão que ficou e brinquei:

– Tem alguma Carolina no seu passado?

E ele respondeu de forma bem realista, sem nehuma poesia:

– Carolina, Carolina, não tem nenhuma, não. Fiquei no vazio. Por isso que fico triste…

*Escrevi demais. Volto segunda…