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A sina do motoboy

Quando começa na profissão, o motoboy sente o quanto é intensa a rotina. O fácil acesso ao emprego, a sensação de liberdade e a falta de regras são adicionados à paixão pela principal ferramenta de trabalho: a motocicleta.

O resultado é satisfação momentânea.

Doutor em Psicologia, Jacob Pinheiro Goldberg estuda Há 10 anos o cotidiano de quem trabalha sobre duas rodas. A partir da avaliação dos profissionais, Jacob concluiu que eles passam por três fases bastante comuns:

— No início, o motoboy se sente poderoso, inclusive tem fantasias de onipotência. Em seguida, a vontade de trabalhar se esgota e a alta estima fica lesada. No final, atinge a posição de inapetência e entra em depressão.

Segundo o estudo, o motoboy pertence a uma categoria chamada de lumpem – proletariado, ou seja, mesmo que faça parte de uma associação, o profissional não chega a posição de trabalhador clássico sindicalizado.

— Ele é jogado na condição de motofretista por uma situação anômala de emprego flutuante. Trabalha de maneira autônoma, tem todas as dificuldades do indivíduo pobre, todos os ônus do trabalhador, mas não têm consciência do trabalhador. Ele mesmo se considera e é considerado pela sociedade um outsider. É vítima – fim de linha do sistema capitalista. Sabe do perigo, mas não tem alternativas.

* Trecho do livro-reportagem “Não Quebrei Seu Retrovisor”, de autoria de Erica Tabata Martin, Caroline Ferrari, Camila Brauer, Ismael Pini e Bruno Mendes, apresentado como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo. O livro mostra o dia-a-dia dos motoboys paulistanos e a luta pela regulamentação da atividade como categoria profissional.

* Foto: Jô Rabelo