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A viagem (7)

Mede-se o tempo em ampulhetas, em Cadeques.

Foi a impressão que causou ao Degas aqui a pequena cidade litorânea, encravada na região que chamam de Costa Brava, na Espanha.

Alguns amigos já me haviam falado do lugar. Mas, a disposição de conhece-lo valeu-se especialmente da moça do hotel em que nos hospedamos em Figueres.

— Um absurdo vir até aqui, e não conhecer a casa de veraneio de Salvador Dalí. Fica em Cadeques, a quarenta minutos de carro. Tudo ali é um encanto.

Ela própria tratou de fazer a reserva para adentrarmos no refúgio do sr. Dalí, aberto diariamente à visitação pública, por módicos 11 euros por cabeça.

— Dalí e Galla não tiveram filhos. Todos os seus bens foram doados ao Estado que os preserva e explora, acrescentou a prestativa recepcionista.

É certo que o Degas aqui se sentiu um intruso a bisbilhotar os aposentos do mago do surrealismo.

Mas valeu o passeio.

Valeu principalmente pela sensação de paz que nos oferece a aldeia de casas caiadas, simples, à beira de um Mediterrâneo cúmplice, em silêncios e belos cenários.

Sabe aquele lugar onde o tal do guerreiro imagina tocar o resto de seus dias?

Pois é…

É bem essa a calmaria que nos invade quando caminhamos pelas ruas estreitas ou pelas praias tímidas, onde sequer ondas há. É como se o tempo estivesse sob nosso controle e se esvaísse, lenta e delicadamente, entre os vãos de nossos dedos. Areia fina de sonhos, amores e alguma saudade…