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Aquele meu amigo do futebol

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Eu o conhecia há muitos anos.

Não sei dizer se éramos amigos-amigos na acepção do termo.

Sempre nos encontrávamos toda vez que eu ia a São José do Barreiro para uns dias de folga e lazer.

Quando viajava para aprazível cidadezinha do Vale do Paraíba, era invariável nossas presenças nos ‘rachões’ que sempre foi uma prática sagrada para mim até os cinquenta e tantos – e desconfio para ele também.

Algumas vezes chegamos a nos revezar na lateral direita do time da cidade naqueles torneios regionais disputados no Interior do Estado de São Paulo.

Sempre reconheci sua generosidade para comigo.

Naquele campão gramado, meio-tempo para o forasteiro aqui saciar sua ‘fome’ de bola já estava de bom tamanho.

Ele parecia entender a situação. Nunca chiou. Sempre me pareceu simpático e boa praça.

(…)

Sabia pouco dele, o meu amigo do futebol. Regulava comigo em idade (talvez fosse alguns anos mais novo). Era sitiante, tocava lá sua labuta de bom humor, sem maiores enfrentamentos anunciados. Casara-se pela segunda vez – e adorava bater uma bolinha todo fim de tarde.

Confesso que, muitas vezes em meio as atribulações da cidade grande, nos desafios diários de uma Redação, cheguei a invejar essa árdua rotina do moço que incluía futebolzinho maneiro e bate-papo com amigos à espera da noite chegar.

Lá, não existe happy hour e, sim, conversa fiada e causos, muitos causos.

Ô vidinha boa…

(…)

Há coisa de dois ou três anos, soube que um AVC o surpreendeu numa dessas tardes mornas.

Fiquei desconjuntado:

– Como assim? O cara era um touro de forte!

A vida tem lá suas bolas divididas.

À distância parecia levar uma vida saudável, repleta de atividades físicas e, aparentemente, sem qualquer estresse.

Não deu para entender.

Mas, torci por sua recuperação, como se faz com as pessoas que nos são caras.

(…)

No começo deste ano, passei algumas semanas em Barreiro. Estava precisando de um tempinho de estio ao sol. De pequenas caminhadas, arzinho de qualidade e contemplar as montanhas da Serra da Bocaina.

Numa daquelas noites, eu o encontrei na praça, em frente ao restaurante de um de seus filhos. Ele me pareceu bem, recuperado.

Fiquei sinceramente feliz.

Nada lhe disse sobre a doença, achei que não cabia.

Trocamos breves palavras e, em silêncio, ficamos a ouvir uma dupla de violeiros interpretar alguns clássicos do nosso cancioneiro.

Foi a última vez que o vi.

(…)

Estive neste último feriadão em Barreiros – e, desta vez, não o encontrei.

Para ser sincero, sequer perguntei por ele.

Ontem, no meio da estrada, já a caminho de São Paulo, recebo a triste notícia:

O meu amigo João Pedro tinha acabado de morrer. Que triste!

(…)

Todas as minhas orações para que Deus o acolha na sua infinita misericórdia e paz.

 

*Foto:  Muro em uma avenida em João Pessoa  (arquivo pessoal)

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