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Banks e a eternidade

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Jornais do mundo todo repercutem, com a devida importância, a morte de Gordon Banks, aos 81 anos.

Goleiro da seleção da Inglaterra campeã do mundo em 1966, Banks foi considerado um dos maiores goleiros de todos os tempos. Merecidamente.

Numa dessas pesquisas que publicações esportivas adoram fazer, o inglês ficou em segundo lugar entre “melhores goleiros do século 20”. Atrás de outra lenda, o russo Lev Ivanovich Yashin, o Aranha Negra.

Vou lhes contar porque, bem sabem os meus amáveis cinco ou seis leitores, não sou de guardar segredos.

Banks, Yashin e o uruguaio Mazurkievisky eram os goleiros mais afamados da minha adolescência/juventude. Entre os anos 60 até a Copa de 70.

Falávamos maravilhas deles. Insuperáveis.

Não que, por aqui, não existissem grandes e renomados goleiros. Gilmar, Castilho, Manga, Sérgio Valentim, Pompéia, Ari, Valdir Joaquim de Moraes, Félix, entre outros tantos e tamanhos.

No fim da década de 60 surgiram dois garotos considerados fenômenos pela crônica esportiva local: Ado, no Corinthians, e Leão, no Palmeiras. Ambos, foram reservas de Félix na Copa de 70, a primeira transmitida diretamente pela TV para o Brasil.

Tinham 20, 21 anos, se tanto.

A Copa de 70.

Eis o marco, creio, que me permite a divagação que se segue.

À época – e ainda hoje desconfio que é assim -, falávamos mais por falar – ou melhor, por ouvir falar.

Nós, os apaixonados pelo Planeta Bola, vivíamos mais da nossa imaginação do que propriamente dos fatos que testemunhávamos em campo.

Mal e mal, tínhamos rudimentares (e mágicas e poéticas) formas de nos inteirarmos do que acontecia dentro das quatro linhas: as notícias dos jornais ilustradas com fotos em preto e branco, as narrações esportivas repleta de firulas e imagens alegóricas das grandes (e nem tão grandes) jogadas e o Canal 100, cinejornal esportivo que antecedia às sessões de cinema (que, aliás, só nos trazia, e magnificamente, imagens do campeonato carioca. Vez ou outra, uma partida do Rio/São Paulo, sempre que o jogo fosse no Rio de Janeiro).

Outras possibilidades eram as precaríssimas transmissões pela TV de partidas regionais (ao vivo ou em tape, uma por semana) ou, privilégio dos privilégios, se pudéssemos ir ao estádio ver a partida – e aí, sim, elaborávamos, nós mesmos, a narrativa bem pessoal dos jogos para os amigos e conhecidos.

Valíamo-nos muito mais da nossa imaginação (e simpatias) do que daquilo que realmente acontecera em campo.

O Planeta Bola é, quase sempre, apaixonante.

Yashin enfrentou a seleção brasileira na Copa de 58. Nada pôde fazer diante da inusitada revelação de Garrincha e Pelé. Na de 70, aos 37 anos, era reserva na equipe da União Soviética. Ainda hoje é citado entre os melhores do mundo.

Mazurkievisky veio jogar no Atlético Mineiro depois do Mundial do México – e, confesso, perdeu um pouco de prestígio na turma. Mas, entrou para a história pelo drible de corpo que levou de Pelé, num dos gols perdidos mais lindos registrados pelos anais das Copas.

Banks, como todos sabem, até os Mbuti da África, ainda hoje – e sempre – será reverenciado pela “pela defesa do século”, protagonizada na mesma Copa de 70, ao tirar a bola de cima da linha do gol após um cabeçada do Rei do Futebol.

Um desses estilhaços de eternidade que só o melhor do esporte pode nos proporcionar.

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