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Bossa nova – 3

Diz com quem andas
e te direi quem és…

Não sei se Elis Regina valeu-se da bíblica citação para expulsar Benjor – ainda Jorge Ben, naqueles idos dos 60 – do elenco do programa Fino da Bossa que comandava ao lado e Jair Rodrigues e do Zimbo Trio, na TV Record. Mas, que ela mandou o Babulina procurar sua turma, mandou…

Explicam-se as razões.

Depois de um começo fulgurante – emplacou três sucessos insuperáveis ainda hoje ‘Mas Que Nada’, ‘Chove Chuva’ e ‘Por Causa de Você, Menina’ – esse carioca do Rio Comprido, amigo de Erasmo e Tim Maia, tornou-se nome nacional.

Em pouco mais de dois anos, gravou quatro elepês – Samba Esquema Nova, Sacundim Ben Samba, Ben É Samba Bom e Big Ben – e foi orientado a tentar uma carreira internacional. Por isso, viajou para os Estados Unidos para uma temporada sem data para voltar.

O showbiz made in Usa, diziam, tinha espaço para um violonista latino. Benjor podia muito bem ser esse tal na esteira do sucesso de ‘Mas Que Nada’ em terras ianques, gravada por Sérgio Mendes e seu quinteto.

Vale ressaltar que o disco Big Ben não foi lá muito elogiado – especialmente pelos críticos mais conservadores. Um deles, Walter Silva, o Pica-pau, chegou a vociferar em seu programa de rádio, dizendo que Bejor havia se bandeado para o lado do rock.

Outra explicação.

Roberto Carlos começava a fazer sucesso e um dos seus hits contava a história do homem que matou o homem mau. Benjor não resistiu e fez uma réplica desta canção. Chamou-se “A História do Homem Que Matou o Homem Que Matou o Homem Mau”.

Caíram de pau no Babulina que, a esta altura, já enfrentava o frio das Américas.

De qualquer forma, o tempo em que ficou por lá foi suficiente para que o público e o rádio e a emergente TV esquecessem o artista.

De volta ao Brasil, teve que retomar a carreira do zero. Estava, inclusive, sem gravadora. Passou, então, a se apresentar em casas noturnas do Rio e de São Paulo até que foi convidado por Elis a se apresentar em O Fino da Bossa. Na seqüência, acabou ganhando um contrato com a TV Record para fazer parte do cast fixo do programa.

Melhor impossível…

Só que numa dessas idas e vindas dos bastidores da Record, Benjor encontrou Erasmo e Roberto, velhos amigos da Zona Norte do Rio. Eles o convidaram para visitá-los e se apresentar no programa Jovem Guarda.

Foi o suficiente para Elis se sentir traída…

Benjor deu área e passou a fazer parte da turma da Jovem Guarda – o que, em última análise, deu origem ao que hoje se denomina samba-rock.

Mas, aí a bossa-nova já havia virado MPB e esta é uma outra história que fica para uma outra vez. Até porque logo em seguida veio o Tropicalismo e, felizmente, pôs fim a todas as cisões da música popular mais rica do mundo…