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Bracelete de cristais 3

VI.

Todas as sombras se dissiparam em outro lance de pura destreza.

O homem transformou o bracelete em três finas e delicadas pulseiras com novo estalar de dedos. Tinham apenas uma volta e milhares de pontos de luz.

Os cristais agora pareciam com outros tons, mas permanecia o brilho peculiar. Menos intenso talvez, mas igualmente belo, indizível.

Um oh! de surpresa cortou a sala quando ele curvou-se elegantemente para enfeitar o pulso de cada uma das meninas com a jóia, como se estivesse a reverenciar três princesas.

Só então se pôs a falar:

VII.

“O que vocês imaginaram, queridos?

Que eu cometeria a extrema indelicadeza de magoar duas dessas crianças que vocês me presentearam como sobrinhas e, em conseqüência, a muitos de vocês?

É natural o zelo de vocês.

Não os critico, pois somos assim quando estamos diante de uma benção prestes a nos agraciar. Somos assim diante dos nossos sonhos mais tenros quando ameaçam se tornar realidade. Duvidamos de nós mesmos, se somos merecedores, se somos capazes.

Depois passamos a duvidar das pessoas ao nosso redor.

Assim se falharmos, elas serão as responsáveis porque trabalharam contra o nosso projeto.

Uma grande bobagem quando trazemos a certeza do Deus Menino em nossos corações.

Que hoje Ele renasça em cada um de vocês.”

VIII.

“Que vocês não precisem ganhar o mundo, como um tuareg solitário, para entender que a felicidade sempre está ao nosso redor.

E se alimenta e nutre da luz que emanam de nossas boas ações.

Somos assim, como os ínfimos cristais daquele bracelete. Juntos, formamos uma peça só, uma jóia rara e única, criada pela divina ação do Maior de Todos os Artistas. Individualmente, temos nosso brilhareco – fluído, tênue, frágil. Mas, quando reunidos, somos capazes de iluminar os quartos do universo…

Assim somos nós, neste momento, ao lado de quem amamos; amigos e familiares.

Assim forjaremos uma Humanidade mais digna e responsável.

Não há lugar para injustiça enquanto o Menino Deus estiver conosco.”

IX.

Neste momento, o viajante se calou.

Mesmo sorrindo, o semblante se fez triste por segundos – como a lembrar alguém que o encantou e se perdeu nos desvãos do mundo. A feiticeira, talvez.

Foi para ela que encomendou o bracelete ao amigo Swarovski, pensou o avô e irmão. Só não entendeu o porquê não conseguiu entregar a jóia à mulher amada. Mas essas coisas são como são. Foram feitas para serem vividas e não entendidas. É certo que pediu ao amigo ourives que transformasse a preciosidade em três lindas pulseiras para as meninas e inventou toda aquela cena e o discurso para impressionar a todos.

— Meu irmão é mesmo um contador de histórias.

Os sinos da igreja ressoaram, então. Era meia-noite.

Hora de renascer…

(Porque assim são as histórias de amor. Nunca terminam. Transformam-se.)