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Carlão e a Banda Redonda

Deu no G1:

“Figura marcante no Carnaval de rua paulistano, Carlos Costa, mais conhecido como Carlão, morreu neste sábado (28), aos 83 anos, em São Paulo, depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Ele ganhou fama após ter criado o bloco carnavalesco Banda Redonda, que desfila nas ruas do Centro da capital paulista desde 1974.”

(…)

O Carnaval de Rua por aqui já não é lá essas coisas.

Mas, há uma turma de heróis da resistência que, ao longo desses anos todos – antes que a Globo se interessasse em ajustar sua grade aos desfiles das escolas de São Paulo – que lutou bravamente para que a Festa não desaparecesse de vez das ruas e das quebradas paulistanas.

O general Carlão, o comandante em chefe da Banda Redonda, é uma dessas personagens épicas.

Seu desaparecimento provoca um grande vazio às vésperas da Folia e, justamente, no ano em que centenas de blocos, formados por jovens em quase sua totalidade, ameaçam tomar as ruas da cidade. Para mostrar que não é só de grana e cinza que se veste a Metrópole.

Tomara que assim seja…

Seria a melhor maneira de se reverenciar a memória do pioneiro Carlão.

(…)

Desde a fundação, a Banda Redonda é um reduto de resistência. Nasce em pleno período ditatorial de uma iniciativa de jornalistas, intelectuais e artistas – boêmios por excelência – que se reuniam nas imediações da Praça Roosevelt para ‘bebemorar’ mais um dia de luta.

Por ali, havia bares, restaurantes, boates, o Sindicato dos Jornalistas (então, bem mais ativo), o Teatro Oficina e outros points. O ponto de encontro para o ‘esquenta’ era o Bar Redondo, em frente ao Copan, na esquina da Consolação com a Rego Freitas e início da avenida Ipiranga.

Ali, surge o bloco que, por brincadeira, e de forma até improvisada, sai às ruas pela primeira vez. Para alegrar a rapaziada e ‘cutucar’ os donos do Poder.

As primeiras marchinhas-enredos tinham como alvo, óbvio, os militares e a ditadura vigente.

Além do que, ao lado do Bar Pirandello (na Augusta) e de restaurantes como Gigheto, Piolin e Montechiaro (no Bixiga), deste ponto de encontro, o Redondo, partiram grandes caravanas que engrossaram as manifestações pelas Diretas-Já em 1984.

A organização da Banda Redonda foi um polo propulsor para disseminação da campanha que uniu a cidade e, posteriormente, todo o País.

O dramaturgo Plínio Marcos, entre outros, era um dos mais ativos incentivadores da Banda – e Carlão já andava por ali, com seu sorriso e meneios, para que não esmorecessem o samba e o sonho de um Brasil mais feliz.