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Cicatrizes paulistanas

Jornalismo é reportagem.

Apurar, apurar, apurar. Regra básica para todo e qualquer repórter que se pretende honesto com a profissão e com o público leitor – seu único e verdadeiro patrão.

Sei que a moda agora é dar o seu pitaco, fazer a sua leitura, dizer o que acha, pensa e acredita.

A moda nas redações (se é que estas ainda existem?) é ser colunista – e, como tal, mandar ver, dar o recado e preferencialmente ser engraçadinho.

Vou aqui criticando quem se imagina um sabe-tudo da vida e, de algum modo, meus cinco ou seis leitores, que de bobos não têm nada, hão de se estar perguntando:

“Mas, cara, olha aí a contradição. Diz uma coisa (jornalismo é reportagem, apuração) e faz outra – desanca a dizer o que é certo e o que é errado. Bebeu ou comeu com farinha?”

II.

Nem uma coisa, nem outra meus caros – e vou logo me explicando…

Fiz toda essa introdução para parabenizar os estudantes Clarissa Ferreira, Leonardo Vantini, Renato Cardeal e Thainá Xavier pelo livrorreportagem “Cicatrizes Paulistanas” que os jovens apresentaram, nesta semana, como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo e foram aprovados, com merecido 10.

Fiz parte da banca avaliadora – e aplaudi o tema e o trabalho de pesquisa realizado sobre quatro marcos importantes (e esquecidos) da cidade: o Beco dos Aflitos (na Liberdade), o Castelinho da Rua Apa (em Campos Elísios), o desaparecido Cine Oberdan (no Brás) e o Edifício Martinelli, de tantas histórias.

III.

Os (agora) jornalistas foram à luta. Fizeram dezenas de visitas aos locais, entrevistaram outro tanto de pessoas afins, falaram com fontes especializadas, escarafuncharam arquivos e velhos documentos e resgataram momentos dramáticos (todos esses lugares foram palcos de tragédias) dos primórdios de uma São Paulo que imaginamos não mais existir.

O trabalho teve a orientação da professora Margarete Pedro – e eu apostaria em uma futura edição em livro. Talvez não seja um best seller; mas, pelo indiscutível caráter documental, se faz fundamental para quem deseja conhecer a verdadeira alma desta cidade tão malfalada, que tanto amamos e que parece não ter passado, nem futuro.