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Consciência histórica

Vivemos um momento raro no âmbito do esporte, mais precisamente do futebol.

Podemos acompanhar a arte e ofício dos boleiros do Barcelona joguem onde jogar – a TV nos permite o privilégio – com a consciência de que se trata de uma troupe de artistas que está fazendo escola.

Não é uma praxe, repito.

Não dá para copiar o estilo, a mecânica de jogo.

Insisto no que ontem escrevi: o Barça é caso único – e para sempre.

Não lembro de outro instante em que tivéssemos – nós, torcedores – consciência explícita de que se escrevia a história do Planeta Bola.

Meu velho e querido pai, por exemplo, me contava, com olhos marejados, que o grande time que viu jogar foi o italiano Torino. O Aldão viu duas ou três partidas dos ragazzos que excursionaram pelo Brasil e América do Sul. Uma tragédia aérea pôs fim a vitoriosa trajetória da equipe em 1949. O avião em que a equipe viajava de volta à Itália, após enfrentar o Benfica em Lisboa, chocou-se contra a Basílica de Superga.

Meu time Ferdinando queria me ver tricolor. E não poupava elogios ao São Paulo, da linha média formada por Rui, Bauer e Noronha.

— Esse time era imbatível, dizia quase uma década depois.

Eu mesmo, ainda garoto e adolescente, acompanhava o alucinante Santos de Pelé, Coutinho & belíssima Cia. A meninada tinha entrada grátis no Pacaembu, desde que acompanhada por um adulto. Então, ficávamos – minha turma e eu – em frente aos portões do estádio, pedindo que algum senhor nos acompanhasse e, lá dentro, nos encontrávamos na antiga Concha Acústica para a festa que era ver o Santos jogar.

A barra só pesava mesmo quando o Peixe pegava o Palmeiras.

O coração quase saltava pela boca.

Pelé e Coutinho eram indomáveis – nos dribles, nas tabelas, no toque final para a rede.

Para piorar, ainda havia o canhão da Vila, Pepe, e a rapidez de Durval a se livrar dos carrinhos de Geraldo Scotto – um dos raros laterais que conseguiam lhe marcar.

Um sufoco.

Um sofrimento.

Não tinha noção que estava vendo a melhor equipe de todos os tempos.

Só queria que a partida terminasse o mais rápido possível.

Desconfio que os santistas viveram essa mesma sensação no domingo.

Se lhes servem de consolo, caros amigos, fãs do Peixe, torcer contra aquele time do Santos era bem mais terrível. E goleador…