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Das antigas…

Aconteceu em São José de Barreiros onde fui, ao lado dos meus, passar os dias de Carnaval em busca de refúgio e algum sossego.

Explico logo que Barreiros é um lugarejo aos pés da Serra da Bocaina, nos perdidos do Vale do Paraíba. Pertence ao Estado de São Paulo, mas é bem pertinho e interage legal com as divisas de Minas e Rio de Janeiro.

Diria que é um lugar bucólico, mas com certa agitação em datas afins como feriados com fim de semana prolongado, a festa do padroeiro (em julho) e o próprio Carnaval.

Aliás, os dias de folia por ali são bastante concorridos e atrai a presença de moradores de cidades próximas como Areias, Arapeí, Bananal, entre outras. Além, é óbvio, de turistas dos três estados.

Neste ano, uma competente banda, com o sugestivo nome de Abadá, formada por músicos locais, sacudiu o esqueleto da rapaziada durante as quatro noites, com um repertório diversificado que incluía seleção de axé, de pagode, do tal sertanejo universitário e afins.

II.

Como disse nas primeiras linhas, mesmo “em busca de refúgio e sossego”, eu saía do meu reduto todas as noites, logo após o Jornal Nacional, para dar uma espiada na movimentação e, de alguma forma, não ficar tão alheio “ao tríduo momesco”, como diriam os mais antigos.

Numa dessas visitas, aconteceu o fato que motivou este post.

Seguinte:

O líder da banda, em meio à alegria generalizada da multidão, entre um sucesso e outro do tal do Wesley Safadão, pediu a compreensão de todos. Lá de cima do palco, o músico observou que estava diante de um público bastante diversificado, de todas as faixas etárias. Por isso, queria fazer naquele momento uma seleção de “músicas das antigas”.

Eu me preparei para, minimamente, ouvir algo na linha de Gil, Caetano, Milton e pessoal lá do meu tempo. Até então, vou lhes confessar, não conhecia sequer um dos hits que os caras atacavam e a moçada, creiam, sabia a letra de cor.

Durou apenas alguns segundos a minha expectativa. Logo ele a cantora que o acompanhava atacaram de:

“Aê, aê, aêê…
Ouuouou…
Salve Salvador
Eu sou do Pelô”

III.

Caros, ainda estou a ruminar minha decepção.

Eu já estava próximo do cinquentinha quando veio essa onda toda dos primeiros axés, as micaretas etc etc.

Naquela noite, voltei resignado para o meu refúgio.

E, desde então, eu radicalizei. Só tenho ouvido os Cds de Nélson Gonçalves, Frank Sinatra, Nat King Colle e contemporâneos.

Ontem, dei uma modernizada e peguei um CD de Chico Buarque. Quanta poesia!

Lembrei-me, na hora, da fala do rapaz naquela noite em Barreiros, e resolvi lhes contar essa história.

A conclusão é simples:

Essa rapaziada não sabe o que está perdendo…