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De olho no trânsito, e na vida…

Manifestação em Brasília – “Quem partiu é amor de alguém”/29.06 – Foto: Leopoldo Silva

Tarde de sexta-feira. 15 horas. Saio por alguns minutos na pequena varanda do apartamento onde moro, décimo nono andar. Mereço aproveitar o sol ralo deste dia indeciso entre o cinza, o branco pálido das nuvens e o azul desbotado a lembrar ao das calças jeans das antigas.

Lá pelos anos 70, quando era jovem, inconsequente e pensava ganhar o mundo, havia uma máxima hiponga que dizia:

“Liberdade é uma calça velha. Azul e desbotada”.

Acho que não faz mais sentido. O mundo anda teletubbie e fofolete demais pro meu gosto.

Enfim…

Li não sei onde que são necessários ao bom funcionamento do nosso metabolismo de humanóides ao menos 15 minutos diários de exposição ao sol de todo o dia.

Então cá estou, feito um encarcerado sem culpa (será?), a bem seguir as praxes indispensáveis do manual de sobrevivência que nos impõe a tida e havida  pandemia 20-20.

Há coisa de cinco ou seis anos, na Universidade onde trabalhei, criaram um grupo de professores tidos como notáveis para preparar o futuro da dita Universidade, do ensino no Brasil e quiçá no mundo. Grupo que se autointitulara pomposamente  de “20-20”.

Era “20-20” pra cá, “20-20” pra lá… Quase um bolero.

Não sei se os estragos da pandemia e os descaminhos que vive nossa Educação, neste 2020, foram  pauta das discussões entre os empertigados acadêmicos.

Penso que não.

Nós, humanóides, somos pretenciosos que só.

Voltemos ao real da varanda.

Olho pra lá. Olho pra cá…

Há um sol ameno, uma brisa – e faz um friozinho suportável, mas incômodo.

Soube que o rigor do inverno invernoso ainda está por vir. Meados deste mês, princípio de agosto.

E a pandemia, como fica quando as temperaturas baixarem de vez?

Assusta.

Repararam que a previsão do tempo tem encerrado os telejornais diários na maioria das noites.

É a última notícia que nos passam.

Consta na cartilha de procedimento dos noticiosos televisivos: a informação derradeira deve ser, sempre que possível, em tom positivo para não baixar demais o astral dos distintos espectadores.

Na falta de algo mais promissor, faça chuva ou faça sol, o “boa noite” nos chega com o sorriso da moça do tempo.

Plim plim!

Olho pr’aqui. Olho pr’acolá…

Me dou conta de algo entre o óbvio e o preocupante: não sei se a vida, mas o trânsito, ao que parece, voltou ao normal nas avenidas ao largo do meu prédio e mesmo na via Anchieta que, ao longe, posso ver.

O trânsito, meus caros e fiéis leitores, está muito próximo ao que era.

Ou seja, tem carro à beça pela aí.

Há até um grosso congestionamento na alça de acesso para quem sai da via Anchieta, na pista Santos-Capital, e deseja entrar na pulsante São Bernardo do Campo onde me escondo (até mesmo de mim).

E ainda estamos longe das 18 horas, o horário de maior movimento.

Ah, esses humanóides…

Será que acabou o isolamento social e ninguém me avisou? Será?

Ou é o jeitinho brasileiro de resolver (sem resolver) as pequenas grandes q-u-e-s-t-õ-e-s que nos competem vida afora?

Será que a tal gripezinha já nos deu trégua?

Não é o que dizem os organismos internacionais de saúde:

Acelerar a Economia sem conter o os índices da pandemia será desastroso para “o país do faz de conta”.

Abandono a varanda.

Cada vez entendo menos os humanóides, especialmente os que mandam e desmandam.

Também por hoje não pretendo entender.

Com sinceridade, se não entendo onde e como perdemos o passo e o compasso para chegar ao buraco social onde hoje estamos, menos ainda me arvoraria a entender como e onde podemos sair dele.

Lamento profundamente o tamanho do estrago.

Porém (e sempre existe um porém), tal e qual aquele japonês distraído que ficou isolado nas montanhas por 50 anos depois do fim da Segunda Grande Guerra, tentarei cuidar de mim e, mais afortunado que ele, dos meus (que os tenho).

Prometo rezar (e me empenhar na medida do que me for possível) por dias mais promissores.

Que esses humanóides precisam tomar tento e juízo ao eleger seus mandatários, ah, isso precisam mesmo. E o quanto antes!

 

 

 

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