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De samba, vaidades e poder…

"Sem música a vida seria um erro" (Nietzsche)

01. Não se surpreenda com a ilustração acima. É que não resisti ao desejo de recomendar os shows que a Velha Guarda da Mangueira realiza, quarta e quinta da próxima semana, aqui mesmo no Sesc Ipiranga. No repertório, velhos e consagrados sambas de Cartola, Zagaia, Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito, Nelson Sargento e até de portelenses famosos como Noca da Portela e Darcy Maravilha. Um pouco de nossa música e poesia mais genuínas, certamente, vai nos dar algum alento para refrear a barra desses dias nebulosos. A lembrança de um tempo mais ameno, quando se preservavam valores éticos, morais e humanitários, pode ser a deixa para aguentar os trancos e as bordoadas do neoliberalismo globalizado que acabou com o País.

02. Convenhamos, não está fácil. Depois do vendaval Nicéa a conturbar a vida política da cidade e do País, eis que os meios de comunicação nos brindam com cenas de pugilato explícito entre os senadores Antônio Carlos Magalhães e Jáder Barbalho. O festival de denúncias que assola o País ganha novos (?) e picantes ingredientes. Os litigantes acusam-se mutuamente e põem em risco a frágil reputação do Congresso Nacional. Afinal, essa briga de comadres envolve nada menos que o atual presidente do Senado (ACM) e seu futuro provável sucessor. Um modelo vexatório de fazer democracia…

03. Claro que na rebarba de todo esse falatório desenfreado está a incandescente luta pelo Poder. Uma queda de braço que passa pelas eleições municipais e se projeta até 2002. O projeto tucano de argolar-se indefinidamente à Presidência, ao que tudo indica, já prescinde da força política do velho cacique baiano. Seja pela implantação do parlamentarismo, seja por obra de um terceiro mandato, o presidente Fernando Henrique sinaliza que o País deve prosseguir nessa toada neoliberalizante — e que somente ele e seus asseclas econômicos têm a chave para o desenvolvimento, com justiça social.

04. A indiferença de FHC, tanto neste episódio quanto no anterior (quando Nicéa acusou ACM de influir na Prefeitura paulistana para favorecer parentes), deixa claro que a parceria com o PFL não lhe interessa mais — ao menos, na dimensão de igualdade que exibia até pouco tempo. Não cabe mais a figura do vice-rei, mentor ou seja lá como se denomine o papel que o líder baiano vinha desempenhando no Governo. O apetite de FHC pelo Poder parece insaciável. Tal empenho, no entanto, passa distante dos tão propalados avanços sociais — aqueles que todos esperam (pois são anunciados a cada pronunciamento), mas nunca chegam. Pior: ficam a cada dia mais distante. Só mesmo um velho samba mangueirense para nos consolar: Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor. Vamos, pois, ao que se pode.