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Depois do Carnaval, a hora do bom-senso

"Se fizermos o bem, encontraremos o bem nesta vida e na outra" (Dom Bosco)

01. Havia assumido o compromisso comigo mesmo de, neste primeiro encontro pós-Carnaval, fazer um balanço desses dois primeiros meses do governo do PT, ou mais acertadamente do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Afinal, brasileiros que todos somos, sabemos bem que a vida por aqui só começa a ter cara de vida depois que é divulgado o resultado dos desfiles das escolas de samba do Rio e, agora ao que parece, de São Paulo também. Para algum ser alienígena que vier a pousar sua nave por essas terras nas próximas horas, registro aqui que os vitoriosos foram a Beija-Flor e a Gaviões da Fiel, respectivamente. Se por acaso o OVNI parar nas imediações do Parque da Independência, aproveito para informar que a Imperador do Ipiranga estará entre as maiorais em 2004, ano em que a cidade completa 450 anos de vida e história.

02. Pois é. Para fazer esse balanço, armei-me de algumas leituras e recortes de jornais que traçavam um raio-x das dificuldades e avanços governamentais. O projeto Fome Zero, a cautela (para alguns exagerada) na área econômica, o estica-e-puxa das negociações com o PMDB, as desavenças entre petistas mais radicais, a discussão das reformas política, fiscal e previdenciária, e postura oficial (e serenidade, na medida do possível) diante da iminente guerra a Sadam Hussein. Dentre outros, esses foram os tema que manchetaram os noticiários nesse. Nenhum deles, é bem verdade, ganhou a notoriedade de mais uma das estripulias do senador Antônio Carlos Magalhães, o faz-e-acontece baiano, pego novamente em flagrante delito. Desta feita, o homem é acusado de mandar grampear os telefones de adversários políticos e, pasmem!, de uma ex-namorada…

03. Mais do que esse temário, chama a atenção a discrição com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem se comportando a frente do cargo de mais alto mandatário da Nação. Há quem goste de lembrar que essa postura é a antitese de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Mas, retornemos aos dias atuais, que é o que verdadeiramente importa. A impressão que dá é a de que Lula é mesmo um predestinado. Entendeu, como poucos, a magnificência do cargo. Dá aos auxiliares plena liberdade de atuação, mas faz valer sua autoridade, sempre que necessário. Assim evita a freqüente exposição na midia, as bolas divididas e tem serenidade para decidir de forma supra-partidária e, até aqui, em nome do interesse público.

04. Alguns podem estranhar esse quase-tucanar de um presidente que era visto, até alguns dias antes da eleição, como uma ameaça à ordem pública e à estabilidade do mercado financeiro. Creio que não é exagero chamar de bom-senso essa postura de pensar e repensar e pensar de novo antes de agir.

05. Lembro de uma conversa que tive com o então diretor do Museu do Ipiranga, professor José Sebastião Witter, dias antes de inaugurar a iluminação externa do prédio, último ato da sua valiosa passagem pelo Ipiranga, em dezembro de 1999. A entrevista era sobre a reforma de 7 milhões de dólares que deu a cara atual ao Museu e que teve em Witter seu principal artífice. E o professor contou que, assim que chegou ao Ipiranga, para tomar pé da verdadeira situação do Museu, era o primeiro a chegar e o último a sair. Passava o dia zanzando pelos salões, conversando com os funcionários (do mais graduado ao mais humilde) e informando-se sobre todos os detalhes. Fez isso pôr seis meses e isso foi fundamental para que distinguisse o que era prioritário, o que era problema e a que poderia esperar mais tempo. Sem conhecer profundamente o objeto de sua administração, não dá para você sair por ai dando ordem e contraordem. As chances de errar são bem maiores, falou.

06. Não sei se o presidente conhece o professor Mas, que ambos têm condutas muito parecidas, ah!, isso lá têm mesmo… Tomara que, quando Lula deixar a presidência, possa deixar um Pais reconstruído, tão iluminado e belo como o professor Witter deixou o Museu do Ipiranga.