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E lá se foram 26 anos

"Sonho que se sonha junto é realidade" (Raul Seixas)

01. Quer dizer, não sei se lhe dou os parabéns ou se eu é que devo merecê-los. Deixa pra lá. Aliás, nem sei se, na verdade, cabe algum tipo de comemoração. Ao menos no que me diz respeito, restou uma pungente lembrança… De qualquer forma, vale registrar que hoje é um dia especial.

02. Sei que não consta da cartilha do bom jornalismo fazer suspense logo na abertura da matéria. Mas, como já lhe disse, por ser uma data daquelas que não se esquece, creio que posso incorrer nessa, digamos, ousadia…

03. Ousadia de narrar a trajetória de um rapaz de 23 anos que, num determinado dia, aportou na Redação de Gazeta do Ipiranga, com o alforje repleto de sonhos e esperanças. Os anos de chumbo da ditadura e alguma perplexidade diante do novo mundo que ora se desvendava lhe davam a consciência de que, de algum modo, teria que dar sua contribuição à mudança. A voz convicta do professor da Universidade de São Paulo era determinante para o rumo a ser tomado: o jornalista não deve temer chegar ao fundo do poço na busca dos fatos, da verdade. É preciso encarar todos os sacrifícios que esta verdade impõe. Não é muito fácil. Mas, se não for assim, é melhor procurar outra profissao…

04. O professor e jornalista Wladimir Herzog morreu no ano seguinte (outubro/75), assassinado nas dependências do quartel da rua Tutóia. E a História do Brasil não foi a mesma a partir daí. E ainda que modestamente a história daquele rapaz também mudou. No melhor estilo Forest Gump, começou a correr sem saber direito para onde, nem para quê… Uma idéia na cabeça (construir o Brasil de todos os brasileiros) e alguns sonhos fundamentais cuidadosamente guardados a sete chaves lhe eram caros. Saberia a hora de escancará-los. A canção dava o mote: Gente é para brilhar, não para morrer de fome.

05. Começou como redator-estagiário e, quatro anos depois, era o editor e diretor-responsável. Simultaneamente colaborou com diversas publicações de âmbito nacional. Chegou até mesmo a montar um jornal na Mooca. No entanto, foi mesmo pelas plagas históricas do Ipiranga que fundeou sonhos, expectativas, trabalho, amizades, aprendizagem, amores e esperança em dias melhores para todos os brasileiros. E Gazeta do Ipiranga foi a ponta de lança — e a principal responsável — de todos esses feitos que o trouxeram até aqui e, afortunadamente, ainda o encantam… Democracia se faz com cidadania e solidariedade…

06. Com efeito, ele reconhece que, aqui, em Gazeta do Ipiranga participou de um conjunto de inquestionáveis avanços e conquistas da emergente imprensa comunitária. Aliás, reconhece também que o companheirismo e o trabalho em equipe foram fundamentais. Na verdade, entende que os valores morais, éticos e mesmo profissionais se equivalem para todos os jornalistas — seja qual for o órgão em que atue e propague o legítimo direito do homem à informação.

07. É, aquele foi mesmo um dia especial. Era, como hoje, 10 de março. Só que do ano da graça de 1974. Meu primeiro dia em GI. E lá se foram 26 anos… Foi quando a vida começou a fazer sentido… E ainda há tanto por fazer, tanto por sonhar, tanto por viver.