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Em nome da democracia, do eleitor e do Brasil

"Todos vivemos sob o mesmo céu, mas nem todos vêem o mesmo horizonte" (Konrad Adenauer)

01. Pau, pau. Pedra, pedra. É isso. Quem acompanha a coluna, mesmo que semana sim e semana não, sabe que são freqüentes as críticas ao presidente Fernando Henrique Cardoso neste espaço. Claro que o autor tem noção exata de que não foi por isso que o dólar disparou e a inflação ameaça voltar. O inverso, sim, é verdadeiro. As políticas públicas e sociais do presidente foram tão equívocadas que geraram o desconcerto deste autor (eleitor confesso do sociólogo e xodó dos intelectuais, FHC, desde sua primeira candidatura ao Senado em 78 até a eleição presidencial de 94) e da impiedosa miséria de uma Nação, tida e havida como o País do futuro.

02. Mas, não é esse o mote do Caro Leitor de hoje. Ao contrário. Quero elogiar a iniciativa do presidente Fernando Henrique Cardoso de convidar os quatro candidatos à Presidência para uma conversa em Brasília nesta segunda, dia19. Indiferente às matizes políticas de cada um deles, indiferente às críticas de que tem sido alvo, indiferente das conseqüências eleitorais do gesto, FHC chamou Lula, Ciro Gomes, José Serra e Garotinho para esclarecimentos e detalhes do recente acordo com o Fundo Monetário Internacional e até, se possível, preparar um possível período de transição para o futuro governo. Inclusive com assessores comuns a trocar informações sobre o que foi e o que será o Brasil nos próximos quatro anos.

03. Bonito isso. Dá um tom de civilização para o momento. Aliás, também estou gostando da cobertura do dia-a-dia dos candidatos à presidente. Gostei do debate da Bandeirantes, desse périplo que os presidenciáveis estão fazendo com palestra em diversas entidades e, principalmente, das sabatinas a que estão sendo submetidos nos diversos noticiários de TV e jornais impressos. Nesta semana, por exemplo, é a Folha de S. Paulo que está realizando um encontro diário com os presidenciáveis — inclusive, durante a conferência de terça-feira, o candidato Ciro Gomes desancou a mídia de um modo geral e o próprio Folhão. Para ele, a maioria está, de uma forma ou de outra, atrelada à candidatura governista.

04. A gente pode fazer uma restrição aqui, outra ali quanto ao formato das entrevistas do Jornal Nacional. Pode também achar que a apresentadora Ana Paula Padrão, no Jornal da Globo, estava mais preocupada em criar pegadinhas para embaraçar os candidatos do que propriamente esclarecer sobre planos de governo. Pode inclusive dizer que a série que o Jornal do SBT vem realizando — com o candidato funcionando como comentarista das notícias do dia — é uma grande sacada. Mas, privilegia alguns em detrimento de outros até porque dependem dos assuntos do dia para uma maior exposição pública.

05. Quer dizer, a gente pode achar tudo. Só não vale contestar o valor democrático dessas iniciativas que, em tudo e por tudo, são bem melhores que as das eleições passadas. E, seguramente, estão anos luz a frente do malamado horário eleitoral que, por sinal, começa na próxima terça, dia 20.

06. Prefiro assim. Com os candidatos expostos a imprevistos e explosões como a de Ciro diante de Ana Paula Padrão (Isso é uma entrevista ou um interrogatório) ou a de Lula que se retirou de um almoço com o diretor de Redação da Folha, Otávio Frias Filho, após uma série de perguntas que julgou inconvenientes. É assim que vamos conhecer aquele que se propõe ser o primeiro mandatário do País, nos próximos quatro anos.

07. No horário do TRE, as verdades são absolutas. E os candidatos transformam-se em autômatos, revestidos pelo marketing eleitoral e investidos do sacrossanto manto de salvadores-da-pátria. Um erro que já cometemos em eleições recentes. Repeti-lo agora seria trágico.