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Escova e o adeus

Estranhamos quando Escova chegou à velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor com ar desenxabido e “cheirando a santidade”.

Não demorou e o nosso Dom Juan das Quebradas do Sacomã confessou o que o afligia:

– Tô fora! Não quero mais encrenca pro meu lado. A Djanira está na pista.

Quem quiser que faça bom proveito,

Djanira, explica-se, era uma alentada morena, funcionária da administração que a todos comovia e provocava, Como de costume, Escova furou a fila de admiradores, jogou o laço e a conversinha e já andava de trololó com a moça.

Mesmo casado, pai de duas filhas e cousa e tal, o amigo está todo exultante com o novo romance. Como sempre fazia, não esperou o segundo encontro para sacramentar a célebre frase (que, aliás, dizia a todas as ‘namoradinhas’ que arranjava – e eram muitas):

“É a mulher da minha vida!”

II.

Já estávamos habituados aos ‘rolos’ e exageros do nosso Dom Juan.

Sabíamos que, quando em ação, não desistia nunca. Esticava o máximo que podia essas encrencas. “Não aprendi dizer adeus”, justificava-se. A iniciativa do “pé na bunda” era sempre das moças, cansadas de serem enroladas pelo Escova, com as desculpas mais esfarrapadas e chinfrins.

“Não há receita para a felicidade” – era uma das desculpas mais usadas por ele a fim de respaldar a vida dupla.

Pior é que o palavrório colava – e o Dom Juan de araque estava sempre na fita.

Escova era mesmo uma figura.

(Ainda é, mas está fora de circulação.)

III.

Por isso, ficamos admirados quando ele veio com a notícia do rompimento.

– O que aconteceu? – perguntou um dos nossos em nome da curiosidade de todos.

– Prefiro não comentar, alegou em nome de uma discrição que nunca fora seu forte.

– Ô Escova, meu querido, deixa de lero. Não vem de escada que o incêndio é no porão. Para os amigos, não há segredo – era o Marceleza, o carioca do Paraguai, dando uma prensa no cara. Que, para nossa surpresa, se fechou em copas – e nada disse.

Esquecemos o assunto. Djanira saiu do jornal e outras tantas passaram pela vida do Escova.

IV.

Alguns meses depois, soubemos que Djanira visitou o jornal. Estava morando em uma pequena cidade do Interior, com um rapaz simplório, o Milton, e um sorriso estampava-lhe o rosto.

Conversa vai, conversa vem, ela anunciou a boa nova:

“Estou grávida!”

Abriu o casaco e mostrou a barriguinha saliente, de apenas alguns meses.

Todos fomos parabenizá-la pelo feito bem feito.

Só o Escova preferiu o comentário, de todo e por tudo inoportuno:

“Do que eu escapei…”

V.

Só então deduzimos o motivo da separação. Confirmado pela revelação que Escova nos fez assim que Dja saiu da sala:

“Desde aquela época, a moça estava em campanha. Não importava o pai. Ela queria ser mãe. E quando uma mulher coloca uma ideia na cabeça…