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Escova, o de sempre

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Foto: Arquivo Pessoal

Recebo um vídeo ‘misterioso’ do Escova.

Desconfio.

O malandro não tem jeito mesmo.

Gosta de me provocar.

Vocês já o conhecem, creio.

Nunca é demais lembrá-los, porém.

Trata-se de um amigo dos primórdios da velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor.

(Talvez ainda fosse no tempo que o jornal era na rua Lino Coutinho, agora fiquei confuso.)

Repórter como eu; só que bem melhor.

Escrevia rápido – era direto e reto.

Rei da trampolinagens amorosas, fora da redação, fez jus ao apelido de Dom Juan das Quebradas do Sacomã.

No fundo, era um inveterado romântico.

Ganhou o mundo em outras redações – e só voltamos a nos reencontrar, tempos atrás, já ambos encaminhados para o 60.

Sempre que possível nos encontrávamos nas manhãs de sábado num boteco qualquer do Ponto Fábrica para por a conversa em dia e, especialmente, reverenciar velhos amigos e reviver idos tempos.

Recordar é viver , diz um velho samba

Vou lhes dizer que o Escova ainda preservava o olhar 43 e tais fluidos do velho Don Juan.

Eu me divertia.

Só me aborrecia um tantinho quando ele cismava em ser o ombudsman do meu Blog.

“O Blog é o playground o jornalista”, dizia a me provocar.

No fundo, no fundo, sei, sempre teve um carinho enorme pelas bobagens que eu escrevo.

Ainda hoje é assim.

Daí, minha cisma com o tal vídeo enviado…

Uma ou duas semanas depois daquela patética sessão do Congresso (16 ou 17, nunca sei) que decidiu – tragicamente para as nossas instituições democráticas – pelo impeachment da presidente Dilma, o Escova surpreendeu a mim e a outro amigo, o Poeta, que iria embora do Brasil.

Estava ‘desacorçoado’.

Não gostaria, mas a filha que mora nos arredores de Paris fez o convite diante da complexidade da situação no Brasil.

Ele topou.

Raspou a merrecas que tinha na Poupança, pôs à venda o sobradinho na Vila Carioca (que ele chamava de Vila Capocha) -, fez o mochilão e se mandou com a digníssima Sra. Escova.

Antes disso, porém foi profético em seu vaticínio:

– É a barbárie, meu caro, é a barbárie que se aproxima.

Muito bom, muito legal, lembrar toda essa história…

Mas, vamos ao que se pode hoje.

Ziiimmm_Ziiimmm

Olhei a mensagem no WhatsApp – e pensei:

Lá vem o Escova e a inevitável pergunta…

A mesma que, semana sim, outra também, eu recebo do Nestor que mora em Brugges na Bélgica, da Leila que mora nos arredores de Nova York, da Michele que mora em Dublin na Irlanda, do Arthur que mora em Lisboa (ou Porto, nunca sei), da Viviane que mora em Sevilha na Espanha, da Daniele que é guia turística em Dubai…

O que eles perguntam?

Basicamente, como é que chegamos a tamanha debacle social?

“O que acontece com o Brasil?”

“O que acontece com os brasileiros?”

E principalmente:

“Os militares vão endossar outro Golpe?”

Como não tenho resposta objetiva para tantas e tamanhas aflições, apesar de as temer como verdades irrefutáveis – e sinceramente fico ‘desacorçoado’ toda vez que toco nesse assunto, adiei o quanto pude abrir o tal vídeo.

No fim da tarde, a consciência cobrou – e resolvi encarar o que o Escova tinha de notícia pra mim.

Transcrevo a mensagem:

Vou lhe dizer, amigo. Se o mundo é essa loucura que é, e parece não ter jeito mesmo, não podemos reclamar, confere? Apesar deste ou daquele, disto ou daquilo, não temos como reclamar que nos faltou trilha sonora, e da melhor qualidade…

Relaxa, irmão, que nossa parte já fizemos.

Abraços fraternos, e saudosos.

O vídeo:

* Para quem duvidar das profecias do Escova, eis a prova: a crônica Vovô Escovà, escrita em novembro de 2017. CLIQUE AQUI  para ler

Detalhe: se o Escova autorizar ainda lhes conto aqui a história e o porquê dessa canção na vida do nosso eterno Dom Juan das Quebradas do Sacomã que hoje mora nos arredores de Paris.

 

 

 

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