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FHC: diretas (não tão) já

Não tenho qualquer admiração ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Nos meus anos de USP, o ilustre sociólogo estava exilado em Paris e todos, pelo campus, o tinham, como referência de uma mente aberta para o futuro do País.

Nessa mesma toada, se fez a sua volta ao Brasil com a anistia, sua candidatura ao senado em 78 e posteriormente na década de 80, período da redemocratização.

Já escrevi aqui – e sempre que posso reitero – que um dos dias mais tristes da minha vida foi a derrota de FHC para Jânio Quadros na eleição municipal de 1985, meses após o fim negociado da ditadura.

Ê São Paulo, desde então, e com raras exceções, já se revelou nosso dedinho podre para escolher prefeito.

Essa derrota em Terras de Piratininga deu força à ala mais conservadora do então PMDB se aboletasse no Ministério de José Sarney e assim retomasse os rumos do País.

Nada diferente do que temos hoje por aqui.

Foi o primeiro tropeço de nossa tenra democracia.

Confesso. Tinha lá minhas convicções reformistas, e cheguei a votar no homem para presidente em 1994.

A decepção foi total.

Fez o jogo dos neoliberais. Participou das patifarias das privatizações, fez o rogado quando o jornalista Paulo Francis denunciou as mutretas da Petrobras, apostou nos agentes do mercado, esqueceu de olhar para o povão, além de mandar apagar coisinhas de cunho socialista que havia escrito em livros antigos.

Chamou aposentado de vagabundo, manipulou a emenda para reeleger-se e, como cereja deste bolo indigesto, indicou Gilmar Mendes para o Supremo.

(…)

Isto posto, sinto-me à vontade para concordar com FHC depois de tantas e tamanhas.

Leio nos jornais que ele participou na manhã de hoje de um encontro em São Paulo, com empresários no setor médico, e defendeu que o Ilegítimo convoque as forças políticas e proponha eleições antecipadas “dentro de alguns meses”.

Disse mais. Os partidos políticos perderam o respeito da sociedade e que gostaria de ver um movimento de centro “progressista, democrático e popular”.

Transcrevo sua fala:

"Progressista quer dizer que não é Trump, não é falar contra a globalização. É mais Macron, progressista. Não é um partido, tem que juntar gente de vários partidos. Democrático, que mantenha a Constituição e que preste atenção ao povo. Popular é isso.”

(…)

As acusações que pesam contra o Ilegítimo são pesadas, gravíssimas.

Não há – e nunca houve – representatividade para tocar uma agenda transformadora e cidadã que recoloque a locomotiva Brasil nos trilhos. Por mais que o Pimpão se arvore a ungido dos deuses.

FHC fez uma leitura sensata em outra parte do pronunciamento. “É gravíssimo para o País, se o presidente for denunciado”. Exemplos em nossa história são trágicos.

Seria um ato de grandeza – e bem oportuno – que o Ilegítimo pedisse para sair – e convocasse as eleições gerais.