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Gabriela

Pode não comparar uma novela à outra.

As duas versões televisivas de Gabriela, mesmo que inspirada na mais famosa obra de Jorge Amado, são novelas diferentes.

Tempos outros.

Outros olhares.

Contexto e estética diferentes.

Outro horário.

Telespectador, também outro.

Fácil constatar que houve um avanço da nossa teledramaturgia, em plena sintonia com os novos tempos e os recursos tecnológicos.

Achei mais divertida a versão atual, com soluções narrativas ágeis, bem ao estilo do autor Walcir Carrasco.

Não entro no mérito da discussão em torno da escolha de Juliana Paes para a protagonista.

Ela se entregou à personagem e ao turco Nacib vorazmente.

Algumas de suas cenas – permitam-me dizer – podem ser incluídas em qualquer antologia da história da TV brasileira.

(A homarada, certamente, não esquecerá tão cedo seus banhos de pipa.)

Se não foi o destaque da novela é porque outros atores literalmente arrasaram.

Alguns destaques: a ótima Laura Cardoso (impecável como Dona Dorotéia), José Wilker (Coronel Jesuíno, o corno) e Antônio Fagundes, interpretando o mandachuva do pedaço, Coronel Ramiro Bastos. Além da notável participação de Luiza Valdetaro, como a heroína romântica Gerusa.

Mas, sejamos justos, todos estiveram bem.

Um acerto a escolha do elenco.

No entanto, o que mais me chamou a atenção foi a preciosidade da trilha sonora – quase a mesma da novela de 1975. Tem uma seleção de autores e intérpretes para ninguém botar defeito: Gal Costa, Nana Caymmi, MPB-4, Djavan, João Bosco, Maria Bethânia, Caetano, Tom Jobim e até Jorge Amado arriscando-se como letrista na sapeca “Alegre Menina”.

Um primor.

Um primor, aliás, que me trouxe uma triste constatação. O quanto, ao contrário da teledramaturgia, nossa música popular andou para trás…

Ou vocês imaginam que tchus e tchas poderiam integrar esse seleto repertório?

Foto: Globo/Divulgação