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O músico e a posteridade

Leio na home do UOL que o cantor e compositor Guilherme Arantes (foto) desenvolveu recentemente um esmerado projeto pessoal. Chama-se “Uma Viajante Alma Paulistana” e propõe uma releitura de 90 canções de sua autoria. Ele, voz e piano.

É um projeto para a posteridade, disse ao repórter Leandro Vieira, do jornal Agora.

Disse mais:

“Esse trabalho é uma amarração da minha carreira. Peguei diferentes fases da minha vida profissional, desde as canções mais famosas até as menos conhecidas. E aproveitei para contar histórias delas que possam interessar ao público. ”

(…)

O que motivou o músico que liderou as paradas de sucesso (assim que se chamavam as listas dos discos mais vendidos e tocados no rádio e na TV) nos anos 70 e 80 a se empenhar em tal projeto?

A resposta é simples:

A estranha sensação de que, no futuro, suas músicas serão bem mais valorizadas.

(…)

Acompanhei a carreira de Guilherme desde os primeiros passos como repórter de cultura. Eu escrevia sobre música popular e o entrevistei algumas tantas vezes.

Pessoal e humildemente, penso que sua obra merece mesmo maior atenção e desvelo de público e crítica.

Aplaudo a iniciativa.

(…)

O elepê “A Cara e a Coragem”, lançado no ano santo de 1978, talvez tenha sido o seu momento e maior popularidade.

Uma curiosidade. O acaso me fez testemunha do desassossego que Guilherme vivia na época.

Os pais não queriam que o rapaz de 20 e poucos anos assumisse a carreira artística, mesmo depois do estrondoso sucesso que fez com a canção de estreia “Meu Mundo e Nada Mais” (1976).

Foi tema de novela e o escambau.

Como disse aí em cima, “um estrondoso sucesso”.

Os pais o queriam diplomata ou coisa do gênero.

(…)

Para seguir o que lhe dizia sua jovem e viajante alma paulistana, Guilherme fugiu para a Bahia e por lá ficou uns tempos que não sei precisar.

Foi exatamente, durante essa temporada, que o jornal havia previamente marcado uma entrevista com “o promissor talento” na sede da gravadora Som Livre, ali nas imediações da rua Augusta.

Fui escalado, cheguei cedo e fiquei à espera do Pimpão.

(…)

Ninguém sabia que rolava o tal impasse. Nem eu, nem a assessora de imprensa Rosí Campos (isto mesmo, a que depois se transformou numa respeitada atriz).

Ela também havia estudado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo como eu. Desconfio que também fez Jornalismo, duas ou três turmas depois da minha.

Enquanto aguardávamos o rapaz, recordávamos nossos tempos de estudantes. Até que o telefone tocou.

Era o próprio Guilherme Arantes, dizendo que saíra da casa dos pais após acalorada discussão, estava em Salvador e daria um tempo por lá até que baixasse a poeira.

Perdi o entrevistado, mas ganhei uma inusitada lembrança.

(…)

Não sei se ele vai se lembrar desta história e conta-la no novo projeto que ainda não ouvi, mas acho bem interessante. Se não fizer por lá, meus caros leitores, ao menos já está registrado por aqui.

Pronto, falei…

*(foto: divulgação)

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