Primeiro foi o Grupo Escolar Oscar Thompson que saiu da rua Luiz Gama, ali às margens do Largo do Cambuci, e foi para avenida Lins de Vasconcellos. Depois sumiram os bondes, os respectivos trilhos e os homens de chapéus.
O bar Astória, na rua Lavapés também se perdeu na penumbra da história e levou o ruidoso grupo de italianos e descendentes que, ao redor de suas mesas de madeira escura, disputava rodadas de cervejas num estranho jogo chamado Patrão e Sotto.
O pai e o vô Carlito estavam entre eles.
Os dois também se foram.
Não existe mais o tabuleiro colorido de quebra-queixo à saída da escola, com o ambulante simpático e gentil. Nem o futebol na calçada com bola de papel.
Desapareceram ainda os sete campos de futebol no final da rua Independência e toda a imensidão da Várzea do Glicério, onde o futebol nas manhãs de domingo era mais do que arte. Era vida e sonho.
Clímax, Lins, Itapura – os cinemas de minha infância e adolescência foram se transformando, sem deixar vestígios, em estacionamentos, bancos, supermercados. O Riviera, o mais famoso deles, virou igreja evangélica até que o teto desabasse numa tarde de domingo e culto.
Quem ouviu falar do primeiro Peg Pag no Largo do Cambuci, da Fábrica de Cigarro Sabrati, do Sarcinelli, da Vetorrazzo Indústria Textil, da Chapéus Ramenzzonni, onde os operários ganhavam a vida de olho num futuro melhor para os filhos?
Esse cenário só existe mesmo nas entrelinhas do tempo que se foi…
Soube agora que o Lago da Aclimação secou, desapareceu. Por descuido e inépcia da Prefeitura.
Custo a crer.
Pois é…
Que triste!
Sou mesmo um homem sem passado.
*Foto: Jô Rabello