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In memorian

Em reverência à memória do senador Teotônio Vilela, ao deputado Dante de Oliveira e ao deputado Ulysses Guimarães, pilares da luta pelas Diretas-Já, transcrevo hoje a coluna Caro Leitor, publicada em 27 de abril de 1984.

25 DE ABRIL, O NOSSO

Ontem a Nação amanheceu envolta numa profunda tristeza. Um desalento perfeitamente compreensível para quem pretendeu um glorioso 25 de abril – tal e qual aconteceu com os patrícios portugueses e já lá se vão 10 anos (com a Revolução dos Cravos)

A Nação ousou sonhar com o definitivo despertar de dias melhores. Revelou-se ordeira e determinada em seus anseios. Sequer acovardou-se diante do autoritarismo e da prepotência – uma vez mais redivivos, lamentavelmente.

O sonho, aliás, renova-se a cada dia.

Alguns poucos maus brasileiros não entenderam – ou melhor, fingiram não entender – o apelo de milhões e milhões que foram às praças, saíram às ruas. E, embora investidos de uma delegação outorgada pelo próprio povo, omitiram-se ou disseram não à emenda Dante de Oliveira que propôs restabelecimento das eleições diretas para a Presidência da República em janeiro de 85. Em nome das conveniências pessoais ou de grupelhos, preferiram ignorar a mais significativa manifestação popular que tem registro a História do Brasil. Imaginam-se talvez, capazes de, com essa traição, manter uma situação absolutamente insustentável.

Ledo engano. Esses senhores não souberam assimilar o crescimento de uma Nação. E melhor fariam se renunciassem ao mandato que não souberam honrar. Perdeu-se uma contenda. Mas, a luta, certamente, vai continuar. Estamos em campanha pela recuperação de um legítimo direito que nos pertence e foi usurpado pelo arbítrio.

Queremos participar decisivamente do destino deste grande País, empobrecido por governos ineptos ao longo de 20 anos. Participar significa estar à frente da reconstrução nacional. Que, entenda-se, não pode mais ser postergada em nome de situações-fantasmas que não mais nos amedrontam.

Diretas-já! A solução não morreu. Está nos corações de todos os brasileiros. Permanece viva, candente – até o dia da vitória final. Que é inexorável.

Não há outra saída para a crise que vivemos. O Brasil é um país viável. Só precisa deixar de ser o paraíso dos privilegiados para tornar, se verdadeiramente a Pátria almejada por todos os brasileiros.

*Esta crônica também está presente no meu livro “Às Margens Plácidas do Ipiranga”, lançado em 1997.