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Inezita e o professor que virou presidente

"O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma" (Stanislaw Jersy Lee)

01. A repórter Flávia Rodrigues voltou impressionada da reportagem com a cantora Inezita Barroso que visitou a turma da Terceira Idade da UniFai. Um dos pontos altos da apresentação foi a interpretação da tocante Romaria de Renato Teixeira, com uma não menos tocante participação da platéia no refrão: "Sou caipira, Pirapora, Nossa… Senhora de Aparecida ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida"

02. Sobre a mesa de trabalho as fotos mostram a intéprete de "Lampião de Gás" e apresentadora do "Viola Minha Viola" sorridente, abraçada ao violão, em estado de graça. Pensei no tempo que passa e parece nos escapar por entre os dedos (repare, já estamos em março e a impressão é que o ano mal começou). De uma forma sumária, refiz a carreira de sucesso de Inezita. Do quanto ela foi popular, das chances que teve de se manter em alta na mídia e do tanto que abriu mão para ser fiel ao estilo de música que gosta de cantar.

03. Foi natural a constatação de que raros profissionais de qualquer ramo de atividade, conseguem tamanhas coerência e dignidade em sua história de vida e o quanto isso é gratificante. Faz bem para corpo e para alma, arriscaria dizer. Imagino ser bom demais poder olhar para trás, não ter do que se envergonhar e poder dizer eu fui protagonista dos meus sonhos e do meu ideário.

04. Infelizmente esse não é o discurso que ouvimos de nossos políticos e governantes. Eles estão sempre virado para aonde sopra o vento da sobrevida no Poder ou para aí se postarem, caso sejam oposição. O exemplo mais notório é o presidente Fernando Henrique Cardoso. Assim que se aboletou em Brasília, foi logo esclarecendo que todos deveriam esquecer o que havia escrito quando ainda era um combativo professor de Sociologia da Universidade de São Paulo.

05. Aliás, mais grave é a postura que FHC e tucanato assumiram, desde então, de permanecer no Poder por 20 anos. O que temos visto é, de 94 pra cá, um vale-tudo inominável em prol dessa máxima. Ainda está fresco na memória o escândalo da compra dos votos para a aprovação da emenda que deu mais quatro anos de mandato para FHC e o tráfico de influências denunciado durante o processo das privatizações, que acabou na demissão do ministro Mendonça de Barros…

06. O governo FHC foi um suceder de histórias mal resolvidas envolvendo a base governista, figuras do primeiro e segundo escalões e assemelhados. De ACM a Jáder, da quebra do sigilo no Senado ao mandado de busca e apreensão ao escritório do primeiro marido do Maranhão… O intrigante é que, sempre e sempre, no final das contas o presidente sai ileso das tristes historietas. Dá a impressão que não cabe a ele qualquer responsabilidade pelo o que acontece em seus domínios. Não passa pelo crivo presidencial a escolha de assessores e o poder de deliberar sobre alianças intrapartidárias.

07. O ano eleitoral, promete outros tantos lances espetaculares. Doa a quem doer a candidatura do ministro da dengue, ops… quer dizer, da Saúde, José Serra, vai ter que decolar. Não se surpreenda se ele surgir em cena com os participantes de "A Casa dos Artistas" ou fazendo uma ponta na novela "O Clone" que, por sinal, já teceu loas e proas em seus capítulos às belezas do Maranhão de Roseana Sarney. Não se se o presidente da UNE, José Serra, gostaria de representar esses papéis.

08. É certo que, como dizem no futebol, já não existe mais bobo no mundo. Por isso, vale desconfiar e estar atento a toda e qualquer mudança dos ventos. Especialmente as que são feitas em cima da hora, como essa obrigatoriedade das coligações verticalizadas e em nível nacional. Pode também, caríssimo leitor, por suas barbas de molho com o anúncio de deixar o governo feito ontem pelo PFL.
Em política já vi de tudo, até cobra voar, disse há algum tempo, em entrevista a Gazeta do Ipiranga, o então governador Orestes Quércia. Por isso, quem sabe se todo esse blá, blá, blá não acabe numa dobrada Serra e Roseana? Quem viver verá…