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Mauro Naves, a repórter e o Escova…

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Será que ‘compro’ esse barulho?

Vamos lá, acho que vale uma reflexão na esfera do jornalismo.

Por óbvios motivos, o tema me é caro.

Assim falou Willian (que de) Boboner (não tem nada) no Jornal Nacional de ontem, pouco antes do amistoso da seleção em Brasília:

“Mauro Naves é um excelente profissional, com grandes contribuições ao jornalismo esportivo da Globo. Mas há evidências de que suas atitudes neste caso contrariaram a expectativa da empresa sobre a conduta de seus jornalistas. Em comum acordo, o repórter Mauro Naves deixará a cobertura de esportes da Globo até que os fatos sejam devidamente esclarecidos”.

leia AQUI

O que teria feito o veterano repórter?

Naves repassou ao ex-advogado da moça que acusa Neymar de estupro os telefones do pai do jogador para que ambos ‘trocassem figurinhas’.

Não avisou a chefia global – e aqui contrariou “a expectativa da empresa sobre a conduta de seus jornalistas”.

Qual objetivo o levou a fazer essa intermediação?

Naves imaginou que seria contemplado pelo dito-cujo causídico com a exclusividade em noticiar todo o enredo nelsonrodriguiano.

Um troca-troca de interesses, digamos assim.

Jornalistas fazem isso?

Não deviam, mas fazem.

E acrescento: não é tão raro assim.

Reitero: infelizmente.

É uma prática condenável porque toda vez que um profissional de Imprensa fica muito próximo ou se envolve com uma fonte, ele acaba, mesmo que involuntariamente, sendo parte da história. Pode inclusive (como neste caso) influir nos rumos dos acontecimentos. Acaba por  deixar um rastro de dúvidas sobre a recomendável isenção na apuração dos fatos.

Aquele lance do “rabo preso” que o anúncio da Folha alardeou e popularizou. (Não que o Folhão não tenha lá seus enroscos desde sempre).

Outra questão (ou seria a mesma?) que propõe a discussão da ética no jornalismo:

Leio no Uol de hoje que uma repórter da Globo no Rio de Janeiro também foi afastada da cobertura da Copa América. Ela é casada com um empresário de jogador de futebol – e fez uma entrevista com Cuellar, do Flamengo, antecipando que, muito provavelmente, o jogador colombiano tenha encerrado seu ciclo por aqui, pois tem várias propostas do Exterior.

O marido da moça é o proprietário da empresa que representa o bom volante do clube carioca.

Aqui, é bem óbvio, o conflito de interesses.

Vale esclarecer que tal envolvimento não se dá unicamente no âmbito do jornalismo esportivo. Mas, em todas as áreas da Imprensa. E, sinceramente, nesses tempos de pós-modernidade, nem sei mais se a turma considera o expediente como normal, inerente ao trabalho, a cada dia mais nebuloso, da Imprensa.

Era repórter ainda quando assisti a uma palestra do jornalista Luis Weiss, então um dos editores de O Estado de S.Paulo. Foi contundente em suas palavras. Falava das relações da Imprensa, de alguns jornalistas, com o governo Fernando Collor.

Disse algo como: não é preciso que entre dinheiro nas tratativas entre fonte e repórter para que se entenda a ação em si como condenável.

Muitas vezes, um e outro se valem de um prestígio momentâneo, do cargo ou da função que ocupam, para manipular a informação.

Em síntese: destacar as coisas boas, esconder as coisas ruins que compromete este ou aquele interesse.

Estava com o Escova nessa noite –  e ele, inclemente, adaptou uma célebre frase para a ocasião:

“Se os homens soubessem como são produzidas as salsichas e as notícias, não comeriam as primeiras e não acreditariam mais as segundas.”

Grande Escova, saudades do amigo. Ele, lá nos confins da França a lidar com as netinhas: e eu, por aqui, aprendendo a envelhecer…

 

Ilustração: Unicamp

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