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Meu reino

Meu reino por uma história..

Que reino? Ora este blog que entra na reta de chegada do mês. Não podemos dar essa bobeira. Nem pensar. Será que bateremos o recorde de visita neste mês? Difícil. Março ainda está na dianteira, com mil e quatrocentas visitas. Andamos pela casa das mil e cem. Portanto, mais dois dias para saltarmos a barreira. Muito, muito difícil. 150 visitas diárias. Coisa rara de acontecer. Mas, não impossível. Depende dos meus cinco ou seis leitores, fiéis e dedicados.

A verdade, meus caros, é que o tal desafio a que me propus – escrever diariamente – é mesmo um grande barato. Especialmente neste fim de semestre quando tudo parece conspirar contra. Meus afazeres na universidade se acumulam – e tomam o tempo disponível e indisponível. Então, me sinto assim meio que perdido atrás de um tema que possa segurar de pé nossas muralhas. Hoje, é um desses dias. E, perceba, já estou no final do segundo parágrafo e ainda não me decidi para onde eu vou…

Ops. Ops…

Não aceito sugestão malcriada de ninguém, não. Muito menos quero ouvir aquela piadinha de mau-gosto. Sei que nenhum de meus diletos amigos pensou nisso. Mas é bom deixar claro a situação. Assim ganhei mais três linhas cheias de palavras – e vamos em frente.

Mas, para onde meu Deus?

Uma história, rápido. Uma história. Meu reino por uma história. É certo que não há lá grande vantagem em se apoderar de um ‘reino’ miado, como o deste escriba.

Aliás, aliás…

O sino da igrejinha aqui perto bateu seis horas. Hora da Ave Maria. Convém uma oração e me vem a lembrança, antiga, distante, que hoje me comove. Minha mãe ao pé do rádio esperando a benção do Padre Donizette que uma das emissoras de rádio paulistana transmitia lá nos confins dos anos 50. Parava tudo o que fazia – era hora de preparar o jantar para o marido que breve chegaria do dia na fábrica pano – e rezava em uníssono com o rádio a ave-maria. Depois, vinha a benção – e todos entendíamos que a jornada havia terminado, hora do descanso e do lazer. Agradecíamos o milagre de mais um dia vivido com saúde, o pão sobre a mesa, amizade e harmonia.

Alguém já me falou que ando nostálgico demais. Que meus textos tendem a consagrar como ideal o tempo que se foi. Não sei, mas uma coisa é certa. Não me sinto à vontade para transpor, neste espaço, o noticiário dos jornais. O rebuliço que anda a vida real. Operações navalhas, balas perdidas, invasões e que tais. Quero mais que esses textos sejam para vocês o que são para mim. Um espaço encantado, onde possamos despreocupadamente conversar sobre sentimentos, idéias e sonhos.

Aliás, como fazíamos nas ruas mal iluminadas do Cambuci. As cadeiras na calçada e todos se reuniam para por os assuntos em dia. Os homens caminhavam para o bar – o Astória ou o Bar do Pepino. As crianças, com suas brincadeiras de esconde-esconde, pega-pega, amarelinha, mula-manca, peões. A rir e a correr pra lá e pra cá. E as mulheres, com suas cadeiras, faziam uma roda e se punham a tricotar a lã e a tecer o novo dia. Que, acreditávamos, seria de todos nós.

Definitivamente, era este o meu reinar…