Não me perguntem como, pois não sei.
Sei que, nesta história, de um fala para o outro, o outro convida um terceiro que tem um amigo que vai também. Nesses rolos típicos de viagens, fui parar em Porto do Brogodó, uma pequena cidade a 210 quilômetros de Aracajú, no sertão sergipano.
Fui conhecer os cânions do São Francisco, um passeio inesquecível de hora e tanto navegando em um dolente catamarã, entre as elevações rochosas que margeiam as águas tranquilas do (ainda) majestoso rio.
Ô lugar bonito, rapaziada!
Os guias de turismo denominam o belo passeio de Canindé do Xingó.
II.
A região, no entanto, tem outros atrativos. Também é famosa por que, vira-e-mexe, mexe-e-vira, por lá aparecem equipes de TV e cinema para apropriarem-se daquelas paragens instigantes como cenário para alguma produção.
Os moradores lembram bastante da novela “Cordel Encantado” que ocupou o horário global das seis da tarde, com Cauã Reymond, Bianca Bin, Domingos Montagner, Aline de Moraes, Osmar Prado, Débora Bloch e grande elenco.
III.
Durante o passeio, eu com minha mania de imaginar histórias dei de dizer que já ouvira falar de Brogodó mesmo antes da tal novela.
Falador que só, lembrei o rock/soul/baião que Tim Maia gravou no limiar dos anos 70.
Quem aí se lembra da sacudida “Coronel Antônio Bento”, com letra que diz:
“Neste dia Brogodó
Faltou pouco pra virar”
IV.
Até que, dada à minha eloquência e cara de pau, convenci alguns incautos ao meu redor. Porém, e sempre há um porém, o Sizenando, um senhorzinho que andava por lá, me chamou num canto e, discretamente, me corrigiu:
– Não é isso, não, moço. A música não fala em Brogodó. Fala em Bodocó, que é parecido, mas diferente. Bodocó fica no sertão de Pernambuco e nós estamos em Sergipe.
Fiz cara de paisagem, disfarcei e saí de fininho.
Não toquei mais no assunto.
Vacilou, e o simpático Sizenando deve ter sido amigão do tal coroné.
Eu, hein!
Ah, junto ao pessoal, fiz boca de siri, como dizem por lá e deixei o dito pelo não dito.
*(foto: canindé do xingó/arquivo pessoal)
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