Aula de pós graduação.
O professor de Filosofia, com pós doc em renomada universidade do Exterior, entra em transe ao falar da pós modernidade.
Um tsunami de citações.
Livros, autores, teorias reveladoras.
A era do vazio.
Bauman, Giddens, Beck.
As perspectivas sociológicas.
As relações humanas.
Os sentimentos liquefeitos.
O mundo e o vacilo.
Alunos atentos. Fingem tudo entender.
Alguns fazem sinceras anotações que nunca serão lidas.
Outros apenas rabiscam desenhos inteligíveis.
O professor caminha sobre o tablado.
Em êxtase, imagina ser o momento adequado para o gran finale.
Pega o iPad que está sobre a mesa, levanta e o exibe para a classe no melhor estilo de um campeão mundial de futebol. Só que em vez de gritar "100 por cento Jardim Irene", proclama em alto e bom som:
— Caros, eis a pós-modernidade! Isto é a pós-modernidade! Entenderam?
Enquanto isso, lá, no fundão da sala, o Joãozinho…
(Mesmo nos cursos de pós sempre há um fundão de classe onde habita o Joãozinho)
Pois é…
O Joãozinho não resiste e quebra o silêncio solene:
— Computador novo, hein, professor!