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O pensador no zap

Sabe que não estou mais na Universidade –  é (foi) minha aluna e quer saber o porquê estou fora.

Óbvio que a pergunta vem pelo zap.

Respondo que não existe um por que, mas vários.

Um dia eu trato do assunto. Por enquanto não é hora.

– Tudo a seu tempo.

Digamos que me dei (ou deram?) um tempo sabático.

– Estou adorando. Clareia as ideias (se é que ainda as tenho).

Ela tecla uma carinha risonha. Aplaude e faz a ressalva que não pode dizer o mesmo.

Diz que está confusa – e “anda muito decepcionada ultimamente”.

Acho que a entendo. Se na curva dos 6.7 sinto um profundo desalento com o rumo que as coisas tomam, imagino alguém que acaba de ultrapassar os 20.

Não está nada fácil.

Mas, é muito cedo para fugir da luta, digo a ela e continuo:

Temos batalhas diárias vida afora.

Não venceremos todas.

Mas há que se preservar a lida – e o sonho.

Cético no pensamento, otimista na ação.

Se os atritos e os desgastes que a lida nos traz, muitas vezes, não são de nosso inteiro controle. O sonho, este sim, é de nossa inteira e total responsabilidade.

Sonhar é indispensável.

As coisas não vão exatamente como planejou, que descubra o motivo, então

Faça um sincericídio.

Ela com ela mesma.

Agrida firmemente o que for ilusão.

Separe a fantasia do sonho.

E, ao descobrir as causas… Então é hora de investir na solução.

– Ah, professor, acho que o meu texto está um lixo.

Sou franco e leal.

Só o Machado de Assis nasceu Machado de Assis. Mesmo assim, imagino, ele se deu ao trabalho.

Faça o mesmo.

– Estude.

Gramática.

Análise sintática.

Técnicas de redação jornalística.

Normas de estilo.

E leia, leia muito…

Jornais, revistas, bons livros.

Os grandes nomes da literatura brasileira, pra começar.

Pergunto:

– O que você leu ultimamente fora da tela do seu celular?

Temo ter causado certo espanto à moça como se lhe descortinasse fatos e lendas dos tempos das cavernas.

Tento explicar:

– Posso despertar em você o gosto pela leitura e o prazer idílico de escrever um bom texto. Agora, não há professor, por melhor que seja, que vai lhe incutir o dom da escrita. Esta é uma conquista única, pessoal. E gradativa.

Ela se mostra ainda mais espantada. Tecla uma carinha de espanto.

– O problema, então, sou eu?

Arremato:

– Não, o problema não é você. Mas, é seu… Você é a solução. Enfrente-o. Enfrente-se.

Dois exemplos.

1 – Se o Ben Jor abandonasse tudo porque sua poesia não tem o requinte, digamos, de sofisticação que a de um Gil, um Caetano, um Chico, olhe que extraordinário artista perderíamos…

2 – Uma frase do grande jornalista Armando Nogueira:

“Jornalista não gosta de escrever, gosta de ter escrito”

Vá à luta!

Foto: arquivo pessoal

 

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