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O que deveria ser, e não é

"Não dá para entender, tá! É muito! As pessoas são estranhas. Muito estranhas. Tão estranhas. Que mundo louco… E agora?"

As palavras saem desconexas, fluem soltas, inintelegíveis aos ouvidos de quem sempre faz (ou procura fazer) o melhor. Como de hábito, os porta-vozes das circunstâncias, tentam explicar o que, de resto, nos parece inexplicável. Os astros talvez indiquem que a Lua anda por demais fora de curso neste março, de águas, arrebentações e conflitos. Não é momento de acordos e ações objetivas. Por influência lunar (e decisão dos insensatos) tudo pode se transformar em poeira cósmica. Mesmo assim, os olhos incrédulos querem vislumbrar uma situação promissora, um repente que concilie pensamentos, palavras e obras.

Mesmo para quem sempre foi um otimista de carteirinha, o melhor, a partir de agora, é prestar mais atenção na vida e nas peripécias que nos impõe a nova ordem social. Quem já não se sentiu assim, nesse turbulento fim de milêno. Onde as palavras mais ouvidas (juros, dólar em alta, falência, desemprego, corrupção, violência urbana, bombardeios, crise, crise, crise…) nos remetem à letargia e à inanição. Levam-nos a abandonar os sonhos e a vontade, intrínseca a cada ser humano, de ser feliz.

Sinais de novos tempos? É mais provável que se acredite no fim de um ciclo e no esgotamento de um sistema (o capitalismo) que dividiu o mundo em explorador e explorados, ricos e pobres/miseráveis, poderosos e os que nada podem. Mas, o inefável é ver os meios de comunicação anunciarem regras de bem viver e receitas de como deveria ser — e não é. Parece que há uma solução, senão imediata, ao menos bem próxima para todos os males que aí estão e que são recorrentes à origem da Humanidade.

Mas, logo na manhã seguinte, as manchetes anunciam a verdade, que é reveladora desses tempos fraticidas e desiguais: "Forças da Otan atacam Iugoslávia". E lá estamos, outra vez, a nos esgueirar do espectro da Terceira Grande Guerra que, vira-e-mexe, permeia nossa existência e faz Nostradamus, a cada segundo, mais verossímil. E aí, em meio à perplexidade, repetimos a nós mesmos: "Não dá para entender, tá! É muito… E tudo o que queríamos era um bom motivo para ser feliz, não é?"

NR: "A vida, por vezes, precisa de uma pausa". Valho-me da frase do poeta Carlos Drummond de Andrade para reiterar total solidariedade ao Alcides Gasparetto, com a certeza de que o Ipiranga perde, ainda que temporariamente, a determinação de uma grande liderança.