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O que vou dizer…

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Foto: Reprodução/Instagram 

“Decididamente, o Brasil não é para amadores.”

Começo o post de hoje com a frase de Tom Jobim com a qual encerrei o post de ontem.

Coisas do Brasil, meus caros.

Onde mais? Em que parte do mundo, o golpista aposentado vai ralhar ao telefone com o golpista aprendiz e trapalhão para demovê-lo de arroubos autoritários?

Decididamente etc etc etc.

O que vou começar a dizer?

Permitam-me a pitadinha histórica.

O Golpe de 64 só aconteceu porque contava com o amparo irrestrito – logístico e financeiro – dos Estados Unidos.

Andava em altas temperaturas a Guerra que depois se conheceu como Fria.

Havia o temor declarado de “cubanização” da América Latina a seguir o exemplo de Cuba e, na mente de vários segmentos da sociedade, flertava com a ideia o tal país-continente chamado Brasil.

As oligarquias – algo assustadas – partilhavam desse temor.

Imaginavam que privilégios acumulados em séculos estavam ameaçados.

Estavam?

Nem tanto, creiam.

Mas, vai aí o registro: em verde-oliva, a Redentora se aboletou no poder em 1° de abril sem quaisquer escaramuças.

Apenas o senão que se fez necessário:

Oficialmente dataram o Golpe de 31 de março para escapar à inevitável analogia ao Dia da Mentira.

Uma pergunta recorrente aos meus tempos de professor na Universidade:

– Prô, você se lembra de onde estava no dia do Golpe de 64?

Os alunos olhavam para a minha barba em desalinho, os ralos cabelos grisalhos no cocuruto, o olhar fatigado – e, desconfio, me viam bem mais velho do que sou.

Imaginavam, por conta e risco, o bravo guerrilheiro em luta pela libertação da pátria.

O que poderia lhes dizer?

O que disse – e nunca desdisse:

– Não recordo. Mas, se as aulas foram suspensas no colégio dos padres maristas onde estudei (e é bem provável que sim), é quase certo que deveria andar por algum campinho improvisado nas quebradas do Cambuci, batendo minha bolinha como de hábito e paixão. Tinha 13 anos à época.

Era possível ver a decepção estampada no rosto dos estudantes.

Enfim, somos o que somos.

Voltemos aos dias atuais.

E o que temos a dizer?

As bruzundangas golpistas que culminaram com os alaridos toscos de 7 de setembro aconteceram em outro contexto.

Afinal, lá se foram quase 60 anos.

Fácil dizer onde o velhote aqui estava: diante da TV, zapeando, a conferir as cenas e a ruminar pensamentos esparsos, como tem sido do meu gosto e feitio.

Tipo:

O dólar vai subir.

A Bolsa vai cair.

Haverá o zunzunzum de sempre.

E o país, ah, o país vai seguir aos solavancos no faz_de_conta do jogo democrático.

Tá feia a coisa.

Mas, não há contexto para golpes, golpetes e golpaços na base da truculência.

Na base do eu faço e aconteço.

Na base do bloco do eu sozinho. Do eu e os meus.

O país está cada vez mais isolado internacionalmente.

Na contramão da contemporaneidade.

Os Estados Unidos de Biden não são os de Trump (que, a bem da verdade, era mais jogo de cena do que comprometimento com nossas demandas).

Não convém provocá-los nem com o cuspe, menos ainda com a pólvora.

De resto, a Tigrada que faz girar a roda do mercado financeiro, das exportações, da indústria e do comércio, os que podem e se sacodem – esses tais que ganham sempre, não rasgam dinheiro.

Nunca.

O que diria o amigo Nicanor?

“De bobos, só têm o jeitinho de andar.”

(Abraço saudoso, grande Nicanor.)

Daí, a tal carta que esclarece bastante: o que foi dito no calor das manifestações não era exatamente o que o Tal queria dizer.

“Nunca tive a intenção de agredir quaisquer dos Poderes. Minhas palavras, por vezes contundentes, decorrem do calor do momento”

Talquei?

Nada a acrescentar. Nenhuma novidade. No recuo e na dissimulação.

Aguardemos cenas do próximo capítulo.

Enfim, e por fim, somos o que somos.

Sigamos…

 

 

 

 

 

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