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Orlando Silva, o legítimo

Me ocorreu nos últimos dias de lançar uma campanha para promover o resgate do nome Orlando Silva, ultimamente tão vilipendiado pela mídia nativa.

Não tenho bala para tanto, mas deixo aqui o registro

Antes que meus fiéis e gentis cinco ou seis leitores me deserdem, explico logo o motivo.

Não é justo à memória de um dos grandes cantores que este País já teve.

Orlando Garcia da Silva (Rio de janeiro, 1915/Rio de Janeiro, 1978), inimitável intérprete de sucessos como “Aos Pés da SantaCruz”, “Rosa”, “Carinhoso”, “Lábios Que Beijei”, entre outros tantos e tamanhos.

Há quem reconheça em Orlando Silva, o verdadeiro, o primeiro fenômeno nacional em termos de popularidade. Tanto que era chamado de “O Cantor das Multidões”.

É histórica a apresentação que fez em São Paulo nos idos dos anos 30 em pleno Vale do Anhangabaú.

Até o Aldão, meu pai, que preferia os boleros como “Besame Mucho, reconhecia que não cabia mais viva alma no local.

— Era um mar de gente, dizia.

Mesmo assim, Orlando Silva, o legítimo, teve uma vida difícil. Antes do sucesso, trabalhou em diversas profissões. Era arrimo de família, foi estafeta e cobrador de ônibus até apresentar-se em programas de calouros das emissoras de rádio e dar início a uma vitoriosa carreira.

O sucesso, porém, desapareceu nos anos 50.

A supremacia da TV, a bossa nova e a onda jovem do rock o condenaram ao ostracismo – diga-se que a ele e a todos os cantores da Era do Rádio.

Só reapareceu para o público no fim dos anos 60 quando a TV Record lançou o programa Bossaudade, comandado por Elizeth Cardoso e Ciro Monteiro.

No entanto, Orlando já não era o mesmo. Estava combalido, e sua voz já não tinha o mesmo vigor dos primeiros anos. Soava melancólica e frágil.

Tive oportunidade de participar de uma coletiva de imprensa. Se bem lembro foi para o lançamento de uma coletânea com seus grandes sucessos. Lembro que o repórter da Folha de S. Paulo, o saudoso Dirceu Soares, perguntou a ele o que sentia quando comparavam sua fama em idos tempos à de Roberto Carlos, o ídolo de então e, ao que parece, de sempre.

Orlando esboçou um breve sorriso em forma de agradecimento – e nada conseguiu dizer.

Estávamos diante de um homem triste.