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Os leitores e o presidente

"Verdade se dá a quem merece. Merece quem a ama e quem a pratica…"

01. O presidente do Grupo de Acompanhamento Comunitário do Ipiranga, Eduardo Verdade, esteve na tarde de quarta-feira em Gazeta do Ipiranga para falar das atividades desta comissão que, de uma forma crítica e fiscalizadora, vem atuando produtivamente junto à Administração Regional do bairro. Quando chegou à Redação, com alguns ínfimos minutos de atraso, plenamente desculpáveis pelos contratempos habituais de um dia de chuva, foi saudado por um dos repórteres em tom de brincadeira: finalmente… Todos aqui estavam ansiosamente à espera da Verdade…

02. No mesmo tom de informalidade, Verdade respondeu com a frase em epígrafe e transformou o que seria uma simples entrevista num princípio de polêmica que, filosoficamente, se encerrou com a constatação de que esse é um material em falta no mercado. Mas, nem por isso, devemos deixar de persegui-lo, encontrá-lo e valorizá-lo; tenha ele a forma que tiver… É sempre perniscioso enganar ao próximo, mas é absolutamente catastrófico quando enganamos a nós mesmos. Todos perdem quando isso acontece, todos…

03. Uma das primeiras lições que se tem nas escolas de jornalismo diz que a versão do fato não pode ser mais verdadeira do que o próprio fato. É claro que isso vale para todas as instâncias dessa louca aventura chamada vida comum. E aqui valho-me da carta de um Leitor/Admirador (é assim que ele prefere se identificar) que me escreve dizendo-se pasmado com a indulgência da Imprensa diante dos frequentes desacertos do Governo Fernando Henrique. Fosse outro presidente — enfatiza — a palavra escândalo estaria diariamente, em letras garrafais, em todos os jornais.

04. Concordo com o leitor quando fala em submissão vergonhosa e, aqui, retomo a discussão do conceito sobre a verdade. Certamente há um descompasso entre a verdade do presidente (claramente imposta pelos seus asseclas econômicos) e a verdade da voz rouca das ruas. Também não discuto que há um componente de vaidade que obscurece a visão do certo e do errado. FHC imagina-se um estadista. Tanto ouviu referências neste sentido, especialmente em suas viagens ao Exterior, que mesmo quando fala para nós, povão que trombamos diariamente com a dura realidade, preconiza feitos e proezas que já estão projetando o País rumo ao seu grande destino.

05. Crescem os índices de violência, desemprego e miséria. No entanto, o presidente cuida de que sua imagem com odores de santidade não sofra qualquer arranhão. É interessante ver quando ele tenta bater de frente com um peso-pesado tipo o senador Antonio Carlos Magalhães. Em público, trocam críticas contumazes. Depois, nos bastidores, troca-se o dito pelo não-dito e os inimigos de ontem são os manda-chuvas do Brasil de hoje. A imagem, vale tudo para ser o que se imagina ser — e não o que se é… Presidente, esqueça essa bobagem — e olhe e trabalhe por nós, verdadeiramente…

06. Também em busca da verdade, mas num sentido mais existencial, digamos assim, recebo um e-mail enternecedor, no mínimo. O(A) leitor(a) quer saber se
o amor é eterno ou só resiste há algumas luas. Olha, sinceramente, não sou a pessoa mais adequada para falar sobre o tema. No entanto, o que posso afirmar é que a alma de um homem só se revela quando ele ama. Mas, vale ficar atento, pois amar é verbo intransitivo. Ama-se sem querer, sem saber nem pensar. E o único complemento que vem depois dele é o imenso vazio e a dor das coisas que se perderam…