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Os rituais dos Pancararus

Os rituais indígenas da tribo Pancararu.

Foi este o tema do projeto de pesquisa que a professora Bethânia Maciel de Araújo, da Universidade Federal de Recife, apresentou no Seminário da Cátedra da Unesco de terça-feira, dia 24. Num tom informal, a pesquisadora discorreu especificamente sobre dois rituais: a Dança do Toré e a preparação do azuca, vinho alucinógeno que dá a sensação de encantamento ao indígena. “Eles imaginam que estão se elevando ao céu. Que estão mais próximos do deus lá deles” – salientou.

Tanto o preparo do azuca como sua beberagem são realizados num cerimônia secreta. Só alguns escolhidos participam. Por isso, Bethânia precisou gastar muita conversa, oferecer alguns presentes e a ter outro tanto de paciência para assistir a uma desses encontros. “Filmar não deixaram de jeito nenhum” – acrescentou. “Mas, só de observar, deu para ver que a coisa vira mesmo uma grande farra, uma viagem”.

Os pancararus habitam a reserva da Funai na divisa de Pernambuco e Alagoas. Usam a Dança do Toré (uma espécie de cerimônia religiosa com os índios cantando e rezando) como prática comunicacional. Explica-se: apresentam-se em diversas cidades nordestinas, participando em escolas e feiras de eventos educacionais ou mesmo apenas com caráter festivo. A professora explica: “Assim conseguem perpetuar a cultura e a tradição de uma nação indígena. Fazem também com que esses cerimoniais permaneçam vivos e conhecidos por um maior número de brasileiros”.

Bethânia destacou que o projeto foi de extrema importância para a Funai: fortaleceu sua presença na região. Mesmo com 22 mil indígenas espalhados em diversas tribos naquela área, há ainda alguns questionamentos sobre a presença do órgão federal por ali. “Esse estudo serviu para legitimar a entidade – o que se reflete em prol do próprio índigena”.

Destacou também que o vinho de azuca é feito da casca de uma árvore que chamam de “jurema”. Dessa raspagem tiram o líquido que ela garante, mesmo sem ter experimentado, tem poderes alucinógenos – e que deixam os índios mal acostumados. “Quando não conseguem a “jurema”, é comum vê-los embriagados de cachaça mesmo…”

* Publicado na revista Mídia Fórum, editada pela Cátedra da Unesco e pela pós em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo.