Otávio Frias Filho, o jornalista

O que posso lhes trazer hoje sobre Otávio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de S.Paulo que morreu,esta madrugada em São Paulo, aos 61 anos?

Nada além do básico para iniciantes.

Que…

… teve como, digamos, preceptor na Folha um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro, Cláudio Abramo;

Que…

…  no entanto o exemplo de vida que adotou foi o do pai, o empresário Octávio Frias de Oliveira;

Que…

… aos 26 anos passou a dirigir a jornal, com um grupo de jovens profissionais, e, para o bem ou para o mal, redimensionou o ‘fazer jornalístico’ a partir de 1984;

Que…

… promoveu uma ampla e corajosa reforma no jornalão que, àquela altura, vivia às turras com os ditadores de plantão;

Que…

… implantou os rigores da padronização dos textos com a adoção do Manual de Redação que incluiu também normas de conduta gerais;

Que…

… foi determinado na defesa do projeto de um jornal livre, independente, plural e apartidário;

Que…

…  foi o mentor do movimento suprapartidário que gerou as manifestações pelas Diretas Já;

Que…

…  escreveu artigos, ensaios, roteiros, livros e peças de teatro;

Que…

…  foi um jornalista extremado, corajoso, de ampla visão intelectual e humanista;

Que…

… fez história.

Não o conheci pessoalmente.

Tudo o que sei sobre ele ouvi em conversas com amigos que lá trabalharam, li ou assisti em debates e seminários.

Das muitas manifestações de pesar hoje divulgadas, destaco a do cronista Xico Sá no twetter.

Otávio Frias Filho se diferenciava do típico herdeiro de jornal no Brasil: pela inteligência na escrita, no repertório (foi fã de Gramsci e Max Weber), na vocação artística, na angústia filosófica. Descanse em paz.

É a que mais se aproxima da imagem que respeitosamente sempre fiz de Otávio Frias Filho, o jornalista.

Descanse em paz.