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Recado ao Primo Altamirando

Prezado Altamirando,

Há tempos não tenho notícias suas.

Ando carecido de umas boas tiradas por isso lhe procuro sem a certeza de lhe encontrar.

Mas, preciso lhe confessar: desde que o amado primo Stanislaw Ponte Preta se foi, lá nos antigamente, nunca me senti assim tão desamparado da chamada compreensão da vida e dos fatos.

Até um amigo nosso, o Escova – lembra-se dele? (Trabalhou comigo na velha redação de piso assoalhado). Então, até ele se escafedeu mundo afora desalentado e triste com os acontecimentos que vive hoje o nosso Brasil varonil.

Como se dizia nos idos tempos, nada como uma taluda filosofia de botequim para por a coisa toda às claras. Tanto as coisas que são como as que deveriam ser.

Não sei se me entende?

Não é porque o Wiliam Boboner (conhece o fofo?) falou que vou acreditar.

Tem uns teretetê aí que é bom ficar atento.

Malandro que é malandro não bobeia…

(…)

Como bem disse o tal Honoré de Balzac (foi ele mesmo?), se você soubesse como são feitos os jornais e as salsichas. Não leria os primeiros e passaria reto de degustar as segundas.

Questão de saúde pública, e mental.

Sinceramente, Altamirando, só estou lhe procurando porque, mesmo nas minhas mais profundas reflexões, não consigo antever aonde isso tudo vai dar.

Esse mundão de meu Deus está sem noção. Ou eu que perdi algum capítulo do novelão?

Tem pimpão que se acha a tal última bolacha do tal pacote. Proclamam-se – ele e sua trupe – senhores da Lei, da Verdade e da Justiça e que vão acabar com todas as mazelas da varonil republiqueta onde vivemos.

Gosto disso não.

Acho presunçoso – e perigoso.

Virou, mexeu. Mandam prender e soltar e só quando o Fulano dedurar outros tantos que fazem parte do mesmo naipe do baralho. E depois que a mídia submissa fizer o devido espetáculo.

Têm o ás vermelho na alça da mira.

A partir daí, vale tudo.

Rasga-se a Constituição e os direitos de cada cidadão.

E todo mundo – até o reino mineral, como diz o jornalista Mino Carta – sabe quem eles querem e, óbvio, o porquê querem.

(…)

Desculpe aí, Velho Altamirando, sei que esse papo está qualquer coisa, é que eu estou pra lá de Marrakesh. Tocando pandeiro pra maluco dançar.

Que sina!

E ainda sou obrigado a ver o Verdugo e o ministro Vampirão a desfilar pela ONU como prova inconteste do retrocesso que atravessa hoje o País. Patéticos, não convencem ninguém. Desconfio que nem a eles próprios. Motivam piadas e lamentações.

A que ponto chegamos!

Não há como fechar os olhos para a realidade dos fatos.

Vivemos um período de exceção. Triste, triste, Altamirando.

Os dias não eram pra ser assim…

Fique com Deus, amigo.

Que eu vou me virando por aqui.

Abs.
rodolfo