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Sem rumo e sem prumo

"As idéias não são responsáveis pelo uso que os homens fazem delas" (Werner Heisemberg)

01. Guga, o campeão. Leão, o único culpado. Scolari, o homem certo? São Paulo, a cidade do granizo. O titã atropelado pelo motoboy. As discussões sobre o racionamento de energia. O dólar a 2,4 reais. A possibilidade de hábeas corpus para o juiz Lalau. A prefeita no Ipiranga a pedir CPIs e apoio do PSDB. O presidente sempre a sorrir… Os fatos e as notícias da semana estão aí e lhe confesso, caro leitor, não me passam a menor convicção de que algo dê jeito neste Brasil que vaga noite adentro feito balão, sem tocha, neste junho do primeiro ano do milênio. Solitário, sem rumo e prumo. Sem destino, tocado pelo vento e, tomara, por Deus…

02. Sempre acho que a imprensa dá um tom a mais para determinados fatos — seja uma grande conquista, como a do garoto de Santa Catarina, Gustavo Kuerten em Roland Garros; seja uma tragédia da vida urbana, como a do músico Marcelo Fromer. Para um lado ou para outro, vejo a notícia se transformar em espetáculo e o leitor acaba virando um espectador da vida real. Tenho a sincera impressão de que, nós jornalistas, prestamos um desserviço, pois damos o mesmo tom fantástico às cenas do Jornal Nacional àquelas que o cidadão vai assistir logo a seguir na novela das oito, por exemplo.

03. A velha máxima maldiz o país que precisa de herói e, parece, ter ganho um espaço maior em terras tupiniquins. Além de herói, o brasileiro precisa de um vilão para onde convergem todas as fúrias e frustrações. É assim que tem sido nos últimos tempos — e não importa se é prefeito de São Paulo, senador baiano ou técnico de futebol. De repente, tem-se a impressão de que vencido tal adversário, tudo estará resolvido. Mas, a coisa não funciona assim…

04. A vida continua correndo solta à margem da telinha da TV ou das primeiras páginas dos jornalões. É onde verdadeiramente valores sociais como respeito, justiça social, amizade, ética e solidariedade vão sendo solapados pelas implacáveis leis de sobrevivência. E tomo está difícil sobreviver nesses tempos de globalização neo liberal. Lembro do jornalista Osmar Santos, em seus áureos tempos, a dizer que o mundo anda tão competitivo. O locutor das Diretas-Já sempre foi um homem de fé e acreditava que o brasileiro é um povo acostumado a crescer nas crises. Eram tempos de sonhos, não de apagões…

05. Acho que estamos vendo televisão demais e vivendo menos. E como nos ensinou um antigo compositor cearense: Viver é melhor que sonhar…