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Seo Dedé faz escola

Os campeonatos futebol entre veteranos do Clube Atlético Ypiranga eram acirradíssimos (naqueles idos dos anos 90). Equipes como o Real Madri (do seo Ademir), o Nápoles (do seo Viché), o Calábria (do seo Cassiano) e outros mais, com nomes cheios de referências, dividiam os associados em grupos de amigos cordiais (na hora do churrasco e da bebericação) e adversários contumazes (dentro das quatro linhas).

Como um esforçado quarto-zagueiro, me virei como pude em algumas dessas equipes em vários torneios. Na maioria, joguei pelos times que o amigo Milton Bigucci formava com nomes divertidos realistas, como Sucatão (Mas, havia também o CervaTotal e o UTY). Em um desses campeonatos, chegamos à final contra o poderoso Real, dos irmãos Ademir e Chicolé.

Para apitar a partida foi escalado, pela comissão organizadora, o intrépido senhor Dedé, de inequívoca experiência em certames varzeanos pelos quatro cantos de Sampa.

Bigucci, patrocinador, técnico, capitão e camisa 10 do time, estranhou a escolha, mas calçando um indefectível Ki-Chute, proclamou em alto bom som para os pupilos e companheiros de equipe:

– Sei não, esse tal de Dedé?

Empolgados com o jogo, nem levamos a sério o alerta do dono time:

– Vamos pro jogo, rapaziada…

Vou encurtar a história. Perdemos por 3×1. Foi um jogo disputado, e eu mesmo dei uma bobeada em dividida com o Valtinho que resultou em gol. Não estou questionando o resultado, mas houve um lance na lateral que me deixou ensimesmado.

Houve uma disputa com o habilidoso seo Ademir junto à linha de fundo. Dei o carrinho, mas a bola ainda tocou na canhotinha do camisa 10 do Real antes de sair. Nosso goleiro pegou a bola fora do campo e se preparou para cobrar o tiro de meta quando ouvimos o estrilar do apito do Dedé e a recomendação do parcimonioso árbitro:

– Escanteio, escanteio… Vamos, seo Ademir, vamos… Que a bola é nossa!

Ops.

Ato falho.

II.

Lembrei-me dessa história ao acompanhar nos jornais e na TV a cobertura que fazem do caso do Metrô de São Paulo. No lugar de apurar as denúncias do suposto esquema de propina, a tigrada da douta imprensa (em especial a Veja, a Globo e o Estadão) dá espaço, no melhor estilo porta-voz, para o pessoal do PSDB acusar o ministro, o deputado, o PT de ‘armação’ para uso político.

Aê, em seo Dedé, fazendo ‘escola’ até no jornalismo.

Quem diria!!!