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Sobre a liberdade de empresa…

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Uma historinha antiga que bem explica o que temos hoje aí…

Muito provável que já me referi a ela neste Blog.

Mas insisto em retomá-la porque é, imagino, bem adequada aos nossos trôpegos dias.

Então…

Capítulo 1 –

Novembro de 1985, sete meses depois da redemocratização do Brasil, ainda que pelo malfadado Colégio Eleitoral, o ex-presidente Jânio Quadros vence o então senador Fernando Henrique Cardoso e se elege prefeito de São Paulo.

Inacreditável aos olhos e sensatez de muitos.

Capítulo 2 –

Um resultado inesperado naquele contexto.

Fim da ditadura.

As forças progressistas em alta.

E, na mais importante cidade do País, seguramente a mais cosmopolita da América Latina, vota-se e se dá a retumbante vitória ao representante de um passado que se imaginava então morto e sepultado.

Não houve celebrações e gritos de “mito”, “mito”, “mito”; mas ficou o espanto:

Do que somos capazes?

Capítulo 3 –

Não preciso dizer, mas digo.

O estrago foi imensurável.

Obviamente repercutiu no malajambrado Governo Sarney – a ala mais à direita do MDB (então partido das Oposições) se espalhou por Brasília e pelos ministérios.

O racha na agremiação foi inevitável.

Capítulo 4 –

Desolados com a situação que não esperávamos de modo algum, o Nascimento (que era presidente do Diretório do Ipiranga e o Made, amigaço nosso e militante desde a primeira hora, fizeram um arrazoado sobre a campanha municipal a destacar sobretudo os erros cometidos, as traições (que houve, e foram muitas) e uma densa análise do cenário político, econômico e social que vivíamos então.

Não satisfeitos com o levantamento das importantes informações (era o que imaginávamos), os amigos me entregaram aquele calhamaço de laudas para que eu desse a redação final ao documento.

Caprichei na tarefa.

Seria entregue pelo vereador Almir Guimarães, nosso representante, à mais alta cúpula do partido e aguardaríamos prontas providências.

Capítulo 5 –

Se bem me recordo, ali, naqueles pretensiosos alinhavos já se projetava uma ampla frente democrática, progressista, coesa, que nos defendesse de qualquer ameaça de retrocesso.

Acreditam?

Capítulo 6 –

Dia desses, estava fazendo uma arrumação (entendam limpeza) na papelada que guardei vida afora como algo precioso e indispensável (sic) – recortes de jornais, rascunhos de reportagens que escrevi ou pretendia escrever, esmaecidos roteiros, pensatas, agendas vencidas, originais de provas, planilhas – e, de repente, dei de cara com uma cópia daquele documento, carcomido pelo tempo e, porque não?, de gratas lembranças.

Tínhamos um sonho, afinal.

Capítulo 7 –

Parei o que fazia – e me dispus a ler o que havíamos produzido de notável importância.

Confesso: não passei da terceira linha.

O mais grave é que me assaltou a sensação de que, mesmo naqueles longínquos dias, ninguém se dispôs a ler o bendito relatório.

E mais:

Se é que o vereador chegou mesmo a entregá-lo na tal reunião dos próceres do partido?

Que, diga-se,  implodiu semanas depois. Surgindo então o PMDB (de Quércia, Robertão, Temer e assemelhados) e o PSDB (de Montoro, Covas, FHC & Cia).

Considerações finais –

Em vista disso, que já escrevi demais para um domingão, decidi não meter mais a minha colher de pau em panelão fumegante.

Malandro que é malandro não bobeia.

Sobre o papel da Imprensa no processo eleitoral, que alguns me cobram um meigo ‘arrazoado’, cada qual que faça a própria avaliação.

Nas redações, há já algum muito tempo, vale mais a voz do dono do que o dono da voz.

Ou seja, manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Todo mundo sabe como a banda toca neste ou naquele veículo de informação e opinião. Seja no rádio, na TV, no mundo digital ou mesmo nas velhas redações do jornalismo impresso.

Vigora a famosa “liberdade de empresa”, e não de Imprensa.

Se o nosso simpático jornalista quiser continuar na orquestra, fazer parte da corporação, por favor, que não saia do tom.

Não se iluda.

Quem não quiser se dobrar ao projeto editorial do patrão, vá para a chamada Imprensa independente.

Simples assim…

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