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Sobre manifestações…

“Depois de certa altura, a gente traz o cadáver do passado amarrado ao pé. Ou ao coração”.
(Otto Lara Rezende)

Vou lhes lembrar uma história que acho oportuna e bem emblemática para o momento que vivemos.

Trata-se também de manifestações populares.

Foi na disputa pela Prefeitura de São Paulo em um passado recente até, 1985.

O então candidato do PMDB, Fernando Henrique Cardoso, reuniu em um showmício no Anhembi mais de um milhão de pessoas. Intelectuais, políticos, artistas de teatro e quase toda a fina flor da música popular brasileira, incluindo Chico Buarque de Holanda, lá estavam a sete dias do pleito em apoio total e irrestrito ao ilustre sociólogo e então senador da República.

Permitam-me fazer a ressalva.

Naqueles idos, não havia Datafolha e também não me recordo de a PM anunciar o tanto de público presentes, com tanto rigor e precisão (de acordo com os seus interesses) como nos dias atuais. Os organizadores bateram o martelo em um milhão – e assim ficou.

Que fossem 500 mil, vá lá. Já seriam suficientes para fazer frente à MAIOR MANIFESTAÇÃO POPULAR DA HISTÓRIA DO BRASIL, como anunciou, toda deslumbrada, nesta segunda a Folha de S.Paulo, dando mote para os holofotes globais e seus congêneres (des)informativos, que alardeiam o golpe, saudarem o encontro de domingo na Paulista.

Isto posto, voltemos à historinha.

No mesmo dia, no mesmo horário, o adversário de FHC, o ex-presidente Jânio Quadros, foi aplaudido e ovacionado por um público de 15 mil correligionários, como se dizia então, numa praça pública no bairro da Vila Maria. Além do próprio Jânio, as atrações do palanque na Zona Leste paulistana foram duas: o cantor Moacir Franco e as Irmãs Galvão.

Os jornais não fizeram alarde deste modesto evento. Chegaram a ridicularizar a turma que lá esteve. Mas, uma semana depois, o resultado das urnas, todos sabemos…

E, à época, e ainda hoje, lamentamos.