Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

Uma questão de bom-senso (I)

"Quem tem, tem. Quem não tem, não se conforma…" (Luiz Melodia, na música Irã)

01. Era um desses países que tem tudo para dar certo. Diziam até que era abençoado por Deus e bonito por natureza. Sobravam as riquezas naturais e minerais. Estava a salvo de cataclismas como tufões, terremotos, maremotos. Possuía as estações do ano bem definidas, o que favorecia o plantio em suas terras, tidas e havidas como amplas e generosas. Enfim, estava muito próximo do que se imaginava ser o paraíso na Terra. Ademais, da sua gente, dizia-se que, no mínimo, era ordeira, trabalhadora e muito festeira.

02. Êta, Nação privilegiada, sô. No entanto, a situação ia de mal a pior. Difícil de acreditar. Mas, grande parte do seu povo vivia com a porta escancarada para a miséria. Passava fome, não tinha onde morar e faltava-lhe até a perspectiva de dias melhores. O custo de vida corroía o ganho suado dos trabalhadores, liquidava as pequenas empresas, exterminava sonhos e anseios.

03. É bem verdade que uma ínfima minoria tudo podia, tudo possuía. Locupletava-se com a chamada economia neoliberal globalizante, ocupava altos cargos públicos, e exibia dotes inimagináveis ao comum dos mortais. Mas, nem por isso esses plutocratas podiam sorrir e escapar das preocupações. A miséria absoluta acabou gerando uma onda de violência arrasadora, irrefreável. Assaltos, seqüestros, furtos, assassinatos. Matava-se por matar. Por um simples par de tênis, por uma bateria de celular, por uns trocados. A lei do cão. Todos estavam sob ameaça.

04. O caos, a barbárie…, clamaram alguns. Não havia solução. Eram escândalos e mais escândalos. Corrupção nas altas rodas. Os menores na delinqüência. Os políticos desacreditados. As instituições fragilizadas por apagões morais e éticos. Até o orgulho maior do tal país, um tal de ludopédio, tido como o esporte das massas, andava ruim da cabeça e doente do pé. O desalento tomava conta de tudo e de todos.

05. A Nação expirava… E, para piorar, uma estúpida guerra ameaçava a paz e todo o Planeta. Não que o país em questão fosse entrar no conflito, mas subserviente que era à Grande Matriz Protetora e Redentora da Humanidade, o embate traria pesadas conseqüências econômicas. Iriam faltar aquelas querelas que as empresas da GMPRH investiam no país em troca de royaltes, juros e fartos dividendos…

06. Em meio à turbulência, alguém lembrou do ermitão que, de livre e espontânea vontade, havia deixado a civilização e agora vivia lá nos confins deste pequeno grande País. E lá se foi uma comissão de notáveis questionar o sábio sobre os problemas do mundo. Quando a comitiva chegou ao cimo da montanha, o ermitão não deu chance para apartes: a reconstrução de um País, dentro de valores dignos e socialmente justos, depende única e exclusivamente da aceitação e prática de três preceitos. A saber: liberdade, justiça e verdade. (A lição do mago continua na próxima semana. Porque hoje o espaço acabou.)