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Uma questão de bom-senso (II)

01. Liberdade. Justiça. Verdade. Foi clamando por esses preceitos que o mago recebeu a comissão de notáveis — entre os quais, juro, eu não me incluo — de um pequeno grande país. A comissão, conforme descrito na coluna anterior, foi procurá-lo porque a coisa não andava nada boa em terra, mar e ar. Claro que houve uma certa resistência da ala mais intelectualizada que preferia esperar da biogenética a solução para o novo homem do quarto milênio. Mas, enfim, como falta algum tempo para o ano 3001, resolveram arriscar; perdido por um, perdido por mil. De resto, não custaria tentar — o que já era um lucro no país das
caixinhas, dos jeitinhos e dos 20 por cento.

02. Assim que atentou para a chegada dos ilustres visitantes, o tal mestre logo desconfiou do motivo. Nada, nada, também porque entre seus truques, poções e traquejos, ele não esquece de acionar uma poderosa antena parabólica que tudo lhe informa. Por isso, mesmo diante da perplexidade de todos, tomou novo fôlego e continuou: a liberdade é vital a todo e qualquer cidadão. É também alicerce e vida para toda Nação que se pretenda contemporânea. Respeitar a si próprio e aos semelhantes é o passo seguinte. A justiça deve se estender a todos e em todos os níveis — inclusive, o social. Com as instituições e as leis fragilizadas, não há amparo para o que é certo, o que é verdadeiro. A impunidade cresce e a tudo devora, como erva daninha. Forma-se assim o país da mentira, do logro. A verdade não vigora, pois todos querem só vantagens, lucros conquistas. Tudo se perde…

03. Para impressionar ainda mais, empostou a voz e concluiu: as mudanças devem começar em cada um de nós. Lembrem-se: a verdade precisa nos levar à fraternidade que, entendam de uma vez por todas, é a pedra filosofal que pode nos livrar de todos os males.

04. Em silêncio, retirou-se. Estava na hora de assistir a dança do ventre da heroína Jade na novela das oito. Afinal, sábio também é gente e o tema da novela bem oportuno…

05. Seus interlocutores não tiveram outra alternativa senão tomar o caminho de volta. Todos em silêncio pensavam nas vantagens e privilégios de que deveriam abrir mão. Logo entenderam a complexidade de algo tão simples. E pensavam e pensavam e pensavam. Foi quando alguém pensou alto e deixou escapar, para todo mundo ouvir, o que lhe veio no coração: que sábio o quê… Ele é apenas um homem de bom-senso. E só quando exercitamos coletivamente vamos salvar não apenas o Brasil, mas o Planeta…