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Virtualitá

Um texto maluco
que jorrou, sem que me desse
conta. Como se falasse
a alguém ou a todos — na verdade,
quase uma personagem em
cena. Não entendo. Talvez
tente explicar o blog.
Talvez queira melhorar a vida.
Quem sabe, simplesmente
que eu me entenda melhor…

Perdi a capacidade de ser
um jornalista do factual.
O que é ‘apenas’ me inspira.
Mas, me remete a tantos
lugares, pessoas, vidas.
Sei lá…

II.

É bom ver você aqui.
Chega com um certo ar
de desamparo, outro tanto
de tristeza. Mas, sempre é
encantadoramente você
a enluarar este canto de mundo,
este naco de tela…

Lembra a luz do neon
que encima um hotel antigo
que visualizo aqui da minha janela,
a esta hora da madrugada.

Parece dar vida – nova vida –
ao velho prédio descorado.
Parece passar o recado:
a manhã não tarda a chegar.

III.

Fico então com a preciosa nostalgia
do que poderia ser e não foi.
Mas que, de alguma forma,
misteriosa e inexplicável, queiramos ou não,
é… e, medo, sempre será.

Recomeçar é renascer…

Com as manhas e as manhãs.
Recomeçar não é tão simples assim,
especialmente quando lidamos
com uma ‘força estranha’,
que poeta tão bem entoou
e mexe com o passado,
o presente e o irrevogável futuro…

IV.

Mais enigmático ainda quando
estamos frente a frente com o sonho
sonhado e vem aquela inexorável dúvida.
Será que é isso mesmo? Será que é possível?
Será que sou aquilo que verdadeiramente
gostaria de ser? Estar com
quem se quer à hora que bem
entendemos e descobrir
a verdade, essência do cosmo. Da vida…

V.

Pois é…
Sombra e luz…
É preciso que um dia se vá
para que outro amanheça…

A vida como uma breve chama.
Basta um sopro, um desligar…
Um desplugar…

E resta o que se foi.

Imprima-se o passado:
manchetes garrafais, tempos idos.
Futuro e presente desaparecem…

VI.

Um corpo que cai… Assim,
em plena arena iluminada…
Lembra, aquele jogador de futebol?

Era uma noite como outra qualquer.
Apenas um jogo que logo terminaria
como todos terminaram que…

De repente, tudo escurece.
Um respirar profundo, intenso…
o vazio, o nada.

Breves segundos, aflições.
Tudo em vão…

(Aconteceu de novo, neste
fim-de-semana, num campinho
mambembe do interior.)

VII.

E aí entramos nós, jornalistas.
Para transformar o tudo/nada
em notícia, procurar culpados,
tentar explicar o inexplicável…

Assim…

Chamar o mundo de volta à realidade.
O show tem de continuar.

VIII.

Pois vou lhe revelar:
não sei como cheguei aqui.
De onde veio a coisa de ser jornalista.
Em última análise, ser quem sou,
em que me transformei
e agora proclamo em alta voz…

Tento entender, desisto – ops, outra vez…

Assim como não atino
como você se faz
tão verdade. Mitifico?

IX.

Insisto: deveria concordar com o não.
Onde a vida é mais confortável, simples…
Onde o sol bate e se inclina…
Onde desaparece o sonhar…

Então, por que agora escrevo?
E lhe escrevo? E tento e quero e gostaria
muito de lhe dizer, como numa
tarde que se perdeu.

É simples, menina:
Você não nasceu pra ser triste.