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Título: A barbearia (2)
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 17/02/2013
 

III.

Como lhes prometi, vamos à continuação da história de ontem.

Devo-lhes a tal anedota de salão.

Antes, porém, permita-me apresentar o gajo contador que chegou chegando à barbearia do Milton.

Ei-lo:

-- Posso penetrar? – pespegou o simpático assim que pôs as rubras faces à porta
de vidro.

Como ninguém ousou barrá-lo, continuou cheio de graça:

-- Pronto. Penetrei... Ui...

IV.

Era um tipo faceiro, mais para fofo. Bermudão, chinela largona nos pés e
camiseta, tipo cheguei, estampando na frente a sugestiva frase: “Breaco, pero non mucho...”.

Um tipo mais do que conhecido na ZL paulistana. De sotaque macarrônico, com aquele singelo vício de linguagem – suprimir a última silabra de algumas palavras no plural.

-- Milton, meu camarada, vamo que vamo. Voltei, cara. Voltei, e sou todo seu. Dá uns tapa no telhado. Que hoje é sábado e a ‘patroinha’ foi visitar a santa mãezinha e eu estou com alvara de soltura...

V.

Ninguém lhe perguntou, mas ele continou falando...

-- Sabe o que é? Minha sogrinha anda triste que só. Ela mora sozinha desde que o maridão se foi dessa para a melhor. Deus o tenha! Foi então que se apegou a uma papagaia que lhe apareceu no quintal já faz algum tempo...

-- Então, a bichinha é uma graça – continuou o desacanhado. Ssó tem um problema fala muito palavrão. Parece que foi criada – me desculpe a má palavra, mas não tem moça aqui – num puteiro...

Já imaginei onde a coisa ia parar, mas fiquei na minha e o gajo só ‘ablando’:

-- A velhinha morre de vergonha porque é muito carola. Quando alguém vai visitá-la, sai de lá horrorizado...

VI.

-- (...) Foi então que decidi socorrer a avó dos meus rebentos e tive a ideia de levar a bichinha para casa de um amigo, o Alfredo. Ele tem dois papagaios que rezam o dia todo... Precisa ver... Rezam que rezam. Achei que os louros poderiam ser um bom exemplo... Engano o meu.

Houve uma pausa, diria, artística e proposital por parte do narrador debochado até que alguém caísse na esparela de lhe perguntar:

-- Não deu certo porquê?

VII.

Só aí o gozador concluiu a história.

-- Assim que os papagaios viram a donzela desbocada, que adentrou a gaiola xingando e falando mil e um palavrão, um virou para outro e abriu o bico: “Pode parar de rezar, o bom de bico, que o homem lá em cima atendeu as nossas preces...

 
 
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