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Título: Nas linhas da várzea
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 05/12/2013
 

Permitam-me, caríssimos leitores, apresentar Camila Lima, Guilherme Farias, Letícia Cislinschi, Mayara Nukamoto, Núbia Anacleto, Thamiris Rezende e Thiago Fatichi.

São jovens e sonhadores – quem não o é aos 20 anos? Eles estão prestes a se formar em jornalismo e o desafio para este ano era desenvolver um trabalho de conclusão de curso. Escolheram elaborar um livrorreportagem e, como tema central, se propuseram retratar, depois de muito ir-e-vir, a história da várzea paulistana, tida e havida como a precursora do futebol no País do futebol (foi por essas áreas ribeirinhas onde, entre um alagamento e outro, que Charles Muller e seus pares deram os primeiros chutes em uma pelota), celeiro de tantos e tantos craques e, principalmente, célula mãe do chamado futebol-arte, razão de paixão e vida de 203 milhões de brasileiros.

Quando tentaram me contaram sobre o tema, desconfiei.

Às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, em tempos de globalização e a turbulência da modernidade que se refaz a cada manhã, o que levaria a jovens estudantes a mergulhar, com a cara e a coragem, naqueles idos e vividos tempos da bola de couro, da chanca rudimentar, do amor à camisa e de certos provincianismos de uma Cidade que não mais existe.

Ou existe?

Responder a esta preciosa questão foi a incumbência que a garotada se propôs a desvendar.

- A várzea resiste, professor, um deles me confirmou em um dos nossos primeiros encontros.

Não sabem a alegria que me deram ao me escolherem como orientador do projeto. Logo eu que, até os 16 anos, tive como limites geográficos e existenciais o Parque da Aclimação (onde havia o estádio distrital), a várzea do Glicério e os “sete campos”, no final da rua Independência.

O futebol, desde então, demarcou minha vida e meu caminhar.

A única ressalva que fiz a eles é que seria impossível retratar a história da várzea paulistana, dada a premência dos prazos. Também e sobretudo porque o futebol nesses cantos e becos da cidade se dá mais no imaginário de cada um de nós do que propriamente na poeira do terrão. Mistura sonhos e ilusões, realidade e ficção, vitórias e derrotas (que logo se esquece na festança que se faz, com os amigos e adversários, após a partida).

Foi então que me trouxeram a solução. Simples e natural, como um grito de gol.

No lugar de “história”, eles saíram atrás de “histórias” da várzea paulistana, com base em relatos de alguns de seus mais festejados adeptos: o construtor que, aos 71 anos, ainda se arrisca pelas canchas da periferia (mas, que não vacilou em destruir um campo para a construção de um prédio), o jornalista esportivo que é ‘treinero’ do Autônomos Futebol Clube, o tira-teima Preto versus Branco, o ex-secretário de Esportes que aposta no esporte como instrumento de integração social e outras tantas e tamanhas narrativas a nos colocar na beira do campo.

Somos espectadores e personagens desse mosaico multicor chamado ‘Brasil, o
País do Futebol’.

É exatamente aí que a bola rola e o sonho se inicia.

E, como diz uma antiga canção, os sonhos não envelhecem...

Boa leitura!

*Prefácio que fiz para o livro Nas Linhas da Várzea, que vai à banca hoje como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo.

 
 
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