Foi em 1925 que o mundo se rendeu à arte brasileira.

“LES ROIS DU FOOTBOL” cravou em manchete o “Les Journal de Paris” para descrever a aventura de um team brazuca, o Clube Atlético Paulistano, pela Europa numa excursão tão inusitada quanto surpreendente.

Ao todo, foram 43 dias de viagem e 10 jogos (descontados aqui o tempo da travessia do Atlântico, feito na ida pelo navio Zoelândia e, na volta, pelo Flândria).

Os brasileiros passaram por Paris, Cette, Bourdeaux, Havre, Strasbourg, Berne, Zurique, Rouen e Lisboa. Venceram nove jogos e perderam apenas um – em Cette, pelo placar mínimo.

II.

Manhã de domingo, a Copa faz uma pausa.

Fujo do noticiário esportivo, dos prognósticos para as semis, do dia a dia da seleção, quem vai substituir Neymar, quem não vai, dos prós e dos contras do evento que mudou a cara do País nas últimas semanas.

Um amigo que mora nos Estados Unidos me diz, pelo WhatsApp, que os americanos estão encantados com o soccer – e me pergunta quais as chances do Brasil ser hexa.

“Não há o que dizer até que a bola role” – escrevo sem convicção, sem palpite.

Desconfio que exagerei na dose de partidas que assisti. de mesas-redondas e programas esportivos.

Experimento sentimentos diferentes. Ando saturado do Planeta Futebol; simultaneamente já estou saudoso daquela fase inicial da Copa com três jogos ao dia.

Era mais diversão que competição.

Enfim, pra variar, nem eu me entendo...

III.

Vou à estante em busca de consolo – e fuga.

Chama a minha atenção o livro-depoimento de Araken Patusca, um craque das antigas, sobre “a jornada histórica” de El Tigre, Nestor, Clodô, o próprio autor (apelidado de Le Danger) e outros.

Eu o folheio despretensiosamente e encontro as impressões do craque.

Eis que sua narrativa me soa atual, e familiar:

“De minha parte, confesso, creio no quadro que aí está. Deve ser finalista. (...) O Brasil é um magnífico celeiro de ‘cracks’. Ele enviou a nata de seus defensores e ela não pode ser de forma alguma inferior aos mais famosos jogadores que a Europa apresenta”.

Lá se vão quase 90 anos.

Hoje o passado revive...


*Os Reis do Futebol, de autoria de Araken Patuska, com colaboração de Marinho U. de Macedo. Lançado em 1976, em São Paulo.